Triunfo tenta barrar acesso do BNDES a dinheiro da Portonave

O principal objetivo da Triunfo Participações e Investimentos (TPI) ao entrar com recuperação extrajudicial para reestruturar R$ 2,1 bilhões em dívidas foi blindar a empresa contra o BNDES. O banco executou mais de R$ 1 bilhão que controladas da TPI lhe devem. Por isso, o grupo quer evitar que o banco bloqueie os recursos obtidos da venda recente de seus 50% na Portonave por R$ 1,3 bilhão.

A empresa protocolou, na sexta-feira, dois planos de recuperação extrajudicial - R$ 2,1 bilhões da holding, sendo que boa parte terá carência de juros e principal de quatro anos e posterior pagamento em quatro parcelas anuais - e R$ 700 milhões especificamente da controlada Concer. Esse segundo valor integra o total da holding, pelo fato de ser sua garantidora.


PUBLICIDADE



A Concer é uma das concessionárias cujo empréstimo-ponte, no valor de R$ 290 milhões, não foi pago ao BNDES, o que resultou em execução pelo banco. O mesmo ocorreu com a Concebra, que deixou de honrar R$ 760 milhões. Com o pedido de recuperação, ficam suspensas essas execuções e, quando o plano for homologado, em 45 dias, elas serão eliminadas.

A preocupação da TPI era que o banco pudesse se apropriar dos recursos da venda da Portonave, que já têm destino certo. Serão usados para quitar empréstimo, considerado bastante "tóxico", que contraiu com o fundo americano Farallon em novembro - a 14% de juros ao ano mais variação cambial, e pelo qual deu as ações da Portonave em garantia. O valor total a ser pago deve ficar em torno de R$ 750 milhões. O restante será usado para reforçar o caixa da companhia.

Além de ser autor das execuções de que o grupo tenta se proteger, o BNDES é o credor, dentre os 20 envolvidos no processo, que representa a maior parte da dívida reestruturada. Ainda assim, não pode votar no processo de recuperação extrajudicial por ser parte relacionada - por meio da BNDESPar é acionista da TPI.

A dívida total somava R$ 3,8 bilhões no fim de março, mas, segundo o presidente, Carlo Bottarelli, o restante não precisava ser renegociado, devido a parte ser na modalidade "project finance" - em que os pagamentos são sustentados pelo fluxo de caixa do empreendimento - e porque outra parcela dos compromissos seria resolvida por meio de venda de ativos.

Essa via, porém, apresenta desafios. Além de Portonave, a Triunfo havia listado sua fatia no aeroporto de Viracopos (SP), a participação que detém em Tijoá (gestora da hidrelétrica de Três Irmãos), e um terreno que tem em Santos.

Viracopos, contudo, se tornou uma incógnita no curto prazo. O ativo sofre dificuldades regulatórias e, no momento, sua alienação é considerada difícil. Além disso, a TPI foi pega de surpresa pelo anúncio de recuperação judicial da UTC, sua sócia no negócio. "É uma situação complicada, estamos avaliando." Como se não bastasse, sem dinheiro, os sócios deixaram de depositar a outorga referente ao ano de 2016 e a Anac, agência reguladora, executou o seguro-garantia.

O terreno ao lado do porto santista, avaliado em R$ 300 milhões, saiu da lista de vendas porque o grupo entendeu que ele tem valor superior ao que conseguiria como ativo eminentemente imobiliário. Resta apenas a concessionária de energia Tijoá, que ainda receberá propostas vinculantes.

Fonte: Valor






Chibatão

   ICN    Zmax Group    Antaq
       

NN Logística

 

 

Anuncie na Portos e Navios

 

  Sinaval   Syndarma