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Artigo - A regularidade dos serviços e o fim do apagão logístico internacional

A mídia especializada deu recentemente bastante destaque a alguns dados divulgados pela Sea Intelligence, respeitada consultoria dinamarquesa, que tangibilizaram a queda dos níveis de serviço prestados pelos armadores de contêineres.

Segundo a consultoria, a pontualidade média dos serviços caiu para 35,8% em 2021, uma piora impressionante em relação aos 83% de escalas pontuais registradas em 2016! Ainda de acordo com esse último levantamento dos dinamarqueses, em 2021 o atraso médio dos navios operando nas principais rotas do mundo ficou em 6,9 dias (com a rota China<>WCNA chegando a 12 dias de atraso), o que demonstra forte alta desde o menor atraso médio da série histórica registrado também em 2016: 3,2 dias.

 Tabela

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Claro que os já bem debatidos congestionamentos em alguns dos principais portos do mundo, com suas respectivas faltas de infraestrutura para responder à súbita explosão da demanda após setembro de 2020 (falta de berços de atracação, pátio, caminhoneiros, trens, armazéns etc.), são os maiores responsáveis por essa igualmente súbita deterioração dos níveis de serviço. E isso não apenas no que se refere aos atrasos, mas também aos cancelamentos de escalas e viagens (ou blank sailings).

Se, por um lado, embora a solução para o atual nó logístico internacional não seja simples e dependa de uma conjunção de fatores (avanço das vacinas, retomada de gastos com serviços, arrefecimento da demanda por produtos, redução dos estímulos fiscais, ganhos de produtividade nos terminais engargalados, investimentos em infraestrutura, novos navios etc.), por outro lado é possível “cravar” que uma melhora da integridade dos schedules certamente será um dos melhores termômetros para antecipar o fim dessa crise.

Tendo em vista que o levantamento da Sea Intelligence está focado nas seis principais rotas do mundo, a SOLVE Shipping vem elaborando indicadores muito semelhantes para os serviços de contêiner dedicados à Costa Leste da América do Sul e, com base na análise dos dados de Fev.22, é possível dizer que:

1. A pontualidade piorou muito no último mês em relação a 2021 e, na média, ficou abaixo de 10% (tolerância de até 12 horas antes/depois do ETA). Ou seja, a ocorrência de escalas fora de janela no Brasil esta em níveis ainda mais críticos do que a média internacional de 2021 aferida pela Sea Intelligence;

2. Com isso, foram omitidas 20% das escalas de longo curso planejadas para costa brasileira, sendo que o serviço USA String (MSC) foi quem mais cancelou (10 escalas, ou 35% do planejado);

3. O Porto de Vitória só recebeu 25% das escalas de longo curso planejadas, seguido de Sepetiba com 37,5%;

Além desses indicadores mensais, o gráfico seguinte demonstra a evolução da pontualidade média dos serviços por rota desde Jan.21:

 Gráfico

 

Assim como acreditamos que, apesar da guerra Rússia x Ucrânia, os fretes não tenham muita margem para novas disparadas (exceto as tarifas de combustível, claro), também avaliamos que os níveis de serviço deterioraram tanto no Brasil em 2022 (muitos armadores aproveitaram o “low season” para cancelar/adiar viagens, inverter posições de navios e ajustar suas programações) que a tendência é melhorar.

Inclusive, em se confirmando a programação dos armadores para Mar.22, poderemos até notar uma melhora significativa na rota da Ásia (uma das mais prejudicadas pelos desdobramentos da pandemia), ao passo que os serviços da Europa/Mediterrâneo podem piorar enquanto durarem às sanções à Rússia.

Leandro BarretoLeandro Carelli Barreto é sócio da Solve Shipping Intelligence



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