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Artigo - Setor de cruzeiros marítimos tem ótimas perspectivas para os próximos anos

Os setores de turismo e de transporte foram, sem dúvida, fortemente abalados durante a pandemia em todo o mundo. Vimos as operações turísticas minguarem por conta do isolamento social, mas o otimismo para este ano e os próximos é real e justificável. Segundo dados da Organização Mundial de Turismo, globalmente, o setor já demonstra reação com os números dos cinco primeiros meses de 2022, com quase 250 milhões de chegadas, frente às 77 milhões do mesmo período em 2021, o que significa uma recuperação de 46% em relação ao nível pré-pandemia.

No mercado nacional de cruzeiros marítimos a temporada 2021/2022, altamente prejudicada pela pandemia, mostrou números encolhidos. Dados da CLIA Brasil mostram que tivemos cinco navios operando em nossa costa entre novembro de 2021 e abril de 2022 – sem esquecer da paralisação em janeiro e fevereiro de 2022 por conta do aumento no número de casos de Covid-19 –, com pouco mais de 141 mil cruzeiristas.


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Para a temporada 2022/2023, esperamos uma das maiores movimentações dos últimos 10 anos, com grande número de navios e volume de passageiros e oferta de 780 mil leitos – aumento de 47% em relação aos 530 mil ofertados em 2019/2020. Serão 36 navios de longo curso, fazendo 309 paradas em 45 destinos localizados em 15 estados do país. Durante o Carnaval, somente no Terminal Marítimo de Salvador, receberemos simultaneamente quatro navios com mais de 20 mil pessoas embarcando ou desembarcando.

O impacto do setor de cruzeiros marítimos na economia das cidades por onde passa é gigante. Segundo dados da CLIA Brasil, na temporada 2021/2022, por exemplo, para cada R$ 1,00 gasto pelas armadoras para a realização da temporada, foram movimentados R$ 3,23 na economia brasileira, com um total de mais de R$ 329 milhões. O gasto médio gerado por cruzeirista nas cidades de escala foi de R$ 605,90, enquanto nas cidades de embarque e desembarque foi de R$ 770,97. Para a atual temporada, a expectativa do setor é criar 48 mil empregos de forma direta e indireta e gerar um incremento de R$ 3,8 bilhões na economia nacional.

Os números afloram o otimismo de um setor ainda em reconstrução no pós-pandemia, e temos bons problemas para resolver nos próximos anos, a começar pelas adaptações que serão necessárias nos terminais por conta do aumento na quantidade de cruzeiristas, tais como expansão das infraestruturas para ampliar a capacidade de atendimento e suporte, além da diversificação dos espaços de convivência, com serviços de conveniência e facilidade para os turistas. O aumento dos passageiros passa, também, pelas modificações dos navios, que tendem a ser cada vez maiores e que vão exigir, no médio prazo, alterações importantes da infraestrutura portuária.

Questões sustentáveis também fazem parte deste momento, com a transição energética sendo pauta positiva nos principais debates ao redor do mundo. A Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL) tem como meta zerar a emissão de gás carbônico na atmosfera até 2050, com base nas emissões de 2008. Mudar a matriz energética dos navios é um dos caminhos, utilizando combustíveis alternativos, como o GNL (gás natural liquefeito) –, combustível que, inclusive, já está presente em 44% dos navios lançados, de acordo com dados da CLIA Brasil. No Brasil, por exemplo, o combustível já existe, mas ainda não está disponível para abastecimento de navios. Outra possibilidade é a disponibilização de energia das empresas fornecedoras dos portos no berço dos navios, para que seja possível ligar completamente as embarcações ao atracarem, questão que podem impactar – de forma positiva, é claro – os portos.

São bons problemas, que serão resolvidos ao passo que desenvolvermos ainda mais o setor no Brasil. O potencial de crescimento da área de cruzeiros marítimos brasileiros é enorme, seja por conta dos nossos destinos, sempre lindos, ou pelo puro e simples desejo de nossas pessoas, que gostam de viajar pelo Brasil. O crescimento deve chegar, e todos os atores do ecossistema precisam desenvolver suas atividades com foco no futuro, pautados em sustentabilidade, conveniência e facilidades.

Gilberto Menezes é Diretor da Divisão Terminais Norte da Socicam






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