PROJETO PARTICIPANTE DO PRÊMIO PORTOS E NAVIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 2025
Transformação estrutural e remediação de passivos ambientais marcam nova fase no terminal portuário
Um dos mais importantes polos logísticos da Bahia está passando por uma transformação histórica. Desde que a CS Portos assumiu a gestão dos Terminais de Granéis Sólidos, Pátios e Armazéns em 8 de junho de 2022, o Porto de Aratu tem sido palco de um processo acelerado de modernização e reestruturação ambiental, com foco na mitigação de passivos históricos, redução sistemática de impactos ambientais e fortalecimento das práticas de gestão socioambiental.
As áreas acumulavam passivos ambientais, oriundos de estruturas degradadas, drenagem ineficiente e descarte inadequado de efluentes, colocando em risco a qualidade do sedimento e dos corpos hídricos, gerando impactos para as comunidades do entorno.
Diante desse cenário crítico, a CS Portos iniciou um importante plano de requalificação estrutural e ambiental. Um dos principais marcos foi a obtenção do licenciamento junto ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), que autorizou a retomada das operações na área denominada ATU 12, mediante o cumprimento de exigências rigorosas. Entre elas, a implementação de um novo sistema de drenagem com tanques de decantação (sumps), sistema de lavagem de pneus, estação de tratamento e infraestrutura de reuso de águas.
Obras estruturantes e tecnologia ambiental
As obras foram iniciadas de forma imediata, os pátios de armazenamento, anteriormente marcados por pavimentação comprometida e sistemas de drenagem ineficientes, foram totalmente reestruturados com redes de drenagem independentes, integradas a sistemas de controle ambiental. Entre as melhorias, destacam-se os dispositivos Lava-Rodas equipados com separadores de óleo, sólidos e água, além da instalação de sumps em concreto armado, dimensionados para a coleta e o pré-tratamento físico dos efluentes contaminados.
Paralelamente, os pátios e galpões destinados ao armazenamento de granéis sólidos foram completamente revitalizados, incluindo a substituição das coberturas, impermeabilização das estruturas e readequação do sistema de drenagem. A partir de julho de 2023, entrou em operação a Estação de Tratamento de Águas Contaminadas (ETAC), que incorporou tecnologia avançada para o tratamento dos efluentes industriais.
O processo de tratamento na ETAC compreende o bombeamento dos efluentes provenientes dos sumps, a dosagem automatizada de coagulantes por bombas dosadoras, e a passagem por um sistema de flocodecantação composto por floculador, decantador e tanque de contato. O lodo gerado é descartado por meio de Geobags, enquanto o efluente líquido passa por etapas adicionais de filtração com zeólita, air stripping (para remoção de nitrogênio amoniacal) e troca iônica, assegurando a remoção eficiente de contaminantes e a conformidade com os parâmetros estabelecidos pela legislação ambiental vigente.
Fim dos lançamentos irregulares e novo destino para os efluentes
Em 29 de dezembro de 2023, a CS Portos alcançou um marco significativo ao cessar definitivamente os lançamentos de efluentes na Bacia de Contenção ("Lagoa do Porto"). A partir dessa data, os efluentes passaram a ser tratados na ETAC e sumps, e posteriormente encaminhados para descarte no corpo hídrico, em conformidade com a legislação ambiental vigente.
Essa mudança estratégica reforça o compromisso do empreendimento com a gestão portuária sustentável e socialmente responsável. As melhorias ambientais estão sendo conduzidas em diálogo com a comunidade e as autoridades ambientais, sinalizando uma gestão que valoriza a transparência, o compromisso social e a integridade ecológica da Baía de Aratu.
Descritivo do projeto
Metas
• Reduzir o risco de contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas;
• Remediar os passivos ambientais conhecidos identificados na área de arrendamento;
• Implementar soluções técnicas que aumentem a eficiência e segurança da operação
portuária;
• Gerar impacto positivo na percepção das comunidades do entorno, por meio de ações
ambientais visíveis e mensuráveis.
Etapas
Implantação de um sistema de drenagem eficiente no pátio e armazéns existentes, pavimentação resistente para melhorar o acesso, renovação das coberturas e reparos estruturais nas edificações para garantir segurança e durabilidade, além da instalação de sistemas de combate a incêndios no pátio e píeres. Também foram realizadas reformas nas edificações para modernização e melhorias na infraestrutura, bem como a instalação de estações de tratamento de águas contaminada (ETAC) e de efluentes (ETE), visando a conformidade ambiental e a sustentabilidade das operações.
Orçamento
As informações apresentadas contemplam as seguintes intervenções e melhorias nas instalações existentes, com seus respectivos valores estimados:
1. Drenagem do Pátio e Armazéns Existentes: R$ 5.426.359,20 — inclui a implementação de sistemas de drenagem eficientes para garantir o fluxo adequado de águas pluviais, encerrando as contribuições dessas áreas para a Bacia de Contenção.
2. Pavimentação do Pátio: R$ 9.528.760,67 — abrange a pavimentação de áreas, garantindo maior durabilidade, impermeabilização, segurança e facilidade de manutenção.
Renovação da Cobertura dos Armazéns Existentes: R$ 3.930.956,31 — consiste na substituição das coberturas, assegurando proteção adequada aos bens armazenados e às estruturas, garantindo maior controle e segurança ambiental para redução de emissão de particulados.
Reparos Estruturais dos Armazéns Existentes: R$ 1.263.837,29 — envolve reforços e reparos nas estruturas de suporte, garantindo a estabilidade e a segurança das edificações.
Sistema de Combate a Incêndio para Pátio e Píeres: R$ 5.832.874,92 — implementação de sistemas de combate a incêndio, incluindo tanques de reservas, hidrantes e outros dispositivos de segurança.
Reformas em Edificações Existentes: R$ 6.806.680,57 — incluem melhorias internas e externas nas edificações, visando adequação às normas e otimização do uso.
Tanques de Decantação (Sumps): R$ 910.808,91 — instalação de estruturas de tratamento físico utilizadas para a coleta e
separação de sólidos suspensos presentes nos efluentes. Permite a decantação e remoção eficiente de partículas sólidas antes do descarte ou de etapas subsequentes de tratamento.
ETAC (Estação de Tratamento de Águas Contaminadas): R$ 971.770,00 — instalação e implementação na estação de tratamento, garantindo a conformidade ambiental e a eficiência no tratamento de água e efluentes gerados no processo operacional.
ETE (Estação de Tratamento de Efluente): R$ 316.858,14 — serviços de instalação ou aprimoramento da estação de tratamento de efluentes sanitários, assegurando o cumprimento das normas ambientais.
Valor total estimado: R$ 34.988.906,01
Durante a execução dos projetos, a equipe operacional manteve uma força de trabalho média de aproximadamente 45 colaboradores, assegurando a continuidade e a eficiência das atividades. No pico da fase de implantação, o número de profissionais envolvidos atingiu aproximadamente 1.105 pessoas, evidenciando a magnitude do empreendimento, a
complexidade das operações e o elevado nível de coordenação necessário para o cumprimento dos prazos e metas estabelecidos.
Resultados obtidos
Nos Pátios de Armazenamento cada área conta com uma rede de drenagem independente, integrada a sistemas de controle ambiental. Esses sistemas incluem dispositivos de LavaRodas, equipados com separadores de água, óleo e sólidos, localizados nas saídas dos pátios. Os efluentes pluviais gerados nas operações são direcionados para SUMPs, que consistem em caixas de concreto armado projetadas para a coleta e tratamento inicial dos efluentes contaminados. Esse tratamento físico envolve processos como a decantação, destinados a remover partículas suspensas e outros contaminantes sólidos.
Adicionalmente, dependendo da natureza do produto armazenado, os efluentes podem passar por tratamentos específicos, por exemplo, reguladores de pH.
Além dos pátios de estocagem, a CS Porto Aratu dispõe de galpões destinados ao armazenamento de Concentrado de Cobre e Fertilizantes, ambos movimentados na área de arrendamento ATU 12. Historicamente, o principal produto armazenado nesses galpões era o Concentrado de Cobre, cujos efluentes eram inicialmente direcionados ao SUMP para decantação, e posteriormente escoados para a Bacia de Contenção conhecida como “Lagoa do Porto”, localizada nas imediações da Portaria 2 do Porto de Aratu, ao nordeste do pátio operacional.
A bacia atuava como corpo receptor de parte significativa da drenagem pluvial edos efluentes provenientes não apenas dos galpões e pátios, mas também das principais vias de acesso ao terminal. Em função desse histórico de lançamentos contínuos e da ausência de infraestrutura de tratamento adequada no passado, a Lagoa do Porto passou a configurar um dos principais passivos ambientais assumidos pela CS Porto Aratu. O escoamento direto oriundo do sistema de drenagem industrial e das áreas de tráfego intensivo acentuou a carga poluente no corpo hídrico, demandando, assim, ações de remediação ambiental para mitigação dos impactos acumulados.
Em julho de 2022, foram iniciadas as obras de reestruturação, que envolveu a troca dos telhados e a impermeabilização das estruturas, assim como o sistema de drenagem da área dos Galpões de Armazenamento. A instalação da Estação de Tratamento da Água Contaminada - ETAC foi iniciada em julho de 2023, e a partir do mês de setembro, todo o efluente decantado no SUMP passou a ser direcionado diretamente para tratamento na ETAC e direcionado para deságue no mar por meio da macrodrenagem (Foto 10). A ETAC utilizada para tratar os efluentes industriais da área de operação e armazenamento de granéis minerais a qual dispõe das seguintes etapas de tratamento:
• Bombeamento do efluente do SUMP para a ETAC (Estação de Tratamento de Águas Contaminadas);
• Dosagem de Coagulante por Bomba Dosadora e Flocodecantador (composto por três compartimentos: floculador, decantador e tanque de contato de passagem);
• Descarte de lodo em Geobag;
• Filtração Zeólita, Air Stripping (liberação de nitrogênio amoniacal em fase gasosa) e Troca Iônica.
Em 29 de dezembro de 2023, a CS Porto Aratu encerrou de forma definitiva as contribuições de efluentes para a Lagoa do Porto, marcando um importante avanço no processo de mitigação de passivos ambientais históricos na região. A partir dessa data, todos os efluentes gerados passaram a ser submetidos a tratamentos específicos — incluindo correção de pH e tratamento na Estação de Tratamento de Águas Contaminadas (ETAC) — garantindo que os parâmetros estejam em conformidade com os limites estabelecidos pela legislação ambiental vigente. Após o tratamento, os efluentes são conduzidos para lançamento no mar, na área do terminal ATU 18, por meio de tubulações em polietileno de alta densidade (PEAD).
O projeto reforça o compromisso da CS Porto Aratu com uma gestão portuária responsável e sustentável, alinhada ao atendimento de requisitos legais de cunho ambiental e social. Ao mitigar impactos ambientais históricos e promover a recuperação da qualidade ambiental na área de abrangência, a iniciativa não apenas cumpre condicionantes legais, mas também busca fortalecer o vínculo com a comunidade local e demais partes interessadas.