Os dirigentes de algumas das maiores empresas petrolíferas do mundo disseram ontem que é provável que os preços do petróleo continuem a subir, principalmente porque a falta de investimento reduzirá a oferta futura.
Os executivos-chefes da Royal Dutch Shell e da TotalEnergies somaram-se aos grandes operadores de commodities e bancos em prever que o petróleo pode chegar a até US$ 100 por barril, embora também tenham dito que é necessário considerar que mercados voláteis podem voltar a empurrar os preços para baixo.
O CEO da Exxon Mobil, Darren Woods, disse ontem, no Fórum Econômico do Qatar, que a falta de investimento “vai exacerbar o aperto da oferta e da demanda à medida que as economias voltem a se recuperar e, com o tempo, veremos a oferta aumentar e se reequilibrar”. Woods ressalvou que “no curto prazo, preços mais altos” devem ser mais prováveis.
A trading Trafigura Group avaliou que o preço do petróleo pode chegar a US$ 100 por barril no ano que vem. O Bank of America também previu nesta semana que os preços podem saltar para esse nível e o Goldman Sachs admitiu que não descarta essa possibilidade. O petróleo bruto Brent, que é a referência internacional, subiu 44% neste ano, à medida que a ampliação das vacinações aumentou a mobilidade e impulsionou a demanda.
Os mercados mundiais tiveram um dos anos mais turbulentos de sua história em 2020, quando o coronavírus fez os preços despencarem. Mas as estradas na Europa e nos Estados Unidos começaram a se encher de novo e mais americanos fazem viagens aéreas. Embora isso possa elevar os preços no curto prazo, a transição energética significa que o consumo de petróleo pode passar a se estabilizar e, eventualmente, cair no longo prazo.
O ministro da Energia do Qatar, Saad al-Kaabi, afirmou no mesmo fórum que a mudança do modelo de energia significa que não houve investimentos suficientes em projetos de petróleo e gás e isso pode elevar os preços da commodity. O CEO da BP, Bernard Looney, disse ontem que o aumento do preço do petróleo ajuda na transição, com melhor fluxo de caixa e mais retorno para os acionistas.
Para o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, existe “uma grande chance” de que o preço chegue a US$ 100 por barril. “Mas nos próximos anos podemos voltar a ver alguns preços baixos”, disse Pouyanne. “Estamos acostumados com a volatilidade.”
O Ministério do Comércio e da Indústria do Qatar, a Agência de Promoção de Investimentos do país e o Media City Qatar são patrocinadores do Fórum Econômico do Qatar, realizado em parceria pela Bloomberg.
Fonte: Valor