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Governo lança programa para revitalizar produção de óleo e gás em terra

O choque de energia barata prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, vai incluir a revitalização da produção de petróleo e gás em campos terrestres. Será lançado nesta quinta-feira o Reate 2020 — Programa de Revitalização das Atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural em Áreas Terrestres. A meta do governo é praticamente duplicar a produção, dos atuais 270 mil barris por dia para 500 mil barris até 2030. Deste total, 67% da produção seriam de gás natural.

 

- Em função dos menores custos do gás produzido em terra, na comparação com o pré-sal, vamos experimentar redução de 30% a 40% dos preços atualmente praticados no Brasil. Com o crescimento da produção onshore (terrestre), vamos ter novas empresas. O retorno é mais rápido do que a produção no mar — afirmou o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix.

O empurrão poderia dar fôlego para um setor que encolheu: a produção de óleo e gás em terra responde por menos de 10% do total. Em setembro do ano passado, os campos em terra produziam 274 mil barris diários, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Hoje são 235 mil barris.

 

Para dinamizar o setor, o caminho será o estímulo à criação de start-ups de base tecnológica para exploração e produção de petróleo e gás terrestres. Além disso, a ANP selecionou 726 áreas terrestres em 14 estados (Amazonas, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e 712 blocos exploratórios onshore para colocar em oferta permanente.

 

O primeiro leilão de áreas de oferta permanente está marcado para 10 de setembro. Serão ofertados 263 blocos terrestres. A devolução de áreas que a Petrobras não tem mais interesse em operar é outro motivador.

 

Estão sendo criados ainda mecanismos de financiamento para estimular a entrada de empresas de pequeno e médio porte no setor. Uma das possibilidades é o uso das reservas de óleo e gás como garantia para a obtenção de financiamento.

- Já começamos com a oferta pública permanente, que vai acontecer em setembro. A ideia é simplificar mais as regras - disse Félix.

Nos cálculos do governo, seria possível alavancar investimentos, que passariam de R$ 1,6 bilhão para R$ 4 bilhões ao ano, com a perspectiva de gerar 700 mil empregos, principalmente no Nordeste. A expectativa inclui um aumento do número de companhias que atuam neste segmento, das atuais 50 para 500.

As projeções do governo são ambiciosas: a estimativa é que a produção de gás natural desses campos salte de 25 milhões de metros cúbicos por dia para 55 milhões — quase o dobro dos atuais 30 milhões de metros cúbicos importados por dia da Bolívia.

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Segundo Anabal dos Santos Júnior, secretário executivo da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo (ABPIP), há demanda hoje de empresas privadas para investir em produção em terra. Ele cita o avanço dos investimentos de empresas nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, que vem ampliando a produção em campos maduros:

- Nos últimos anos, estamos verificando o avanço dos investimentos de diversas companhias como a Eneva, Rosnefet, Petrorecôncavo, entre outras. Essas empresas estão sendo responsáveis pelo avanço da produção no interior, gerando renda e empregos.

 

O presidente da PetroSynergy, Sergio Paez, destaca que a devolução da venda de campos terrestres pela Petrobras é essencial para aumentar a produção. Há quase 20 anos, a empresa arrematou o Campo de Tabuleiro de Martins, em Alagoas, que produzia 100 barris por dia. Hoje são 350 barris. A petroleira vai participar do primeiro leilão de oferta permanente da ANP.

- Estamos otimistas com a possibilidade de revitalização da atividade em terra. O Brasil tem um grande potencial a ser explorado, precisa sair dessa situação de quase abandono. Entrarão no setor mais empresas privadas de diferentes tamanhos - disse Paez.

Fonte: O Globo






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