Especialista avalia a tragédia ocasionada pela queda seguida de explosão de contêiner com carga perigosa no pátio do Porto de Aqaba, na Jordânia
O acidente registrou a morte de 13 profissionais e 251 feridos. O navio estava esperando para carregar quase 20 contêineres de gás liquefeito contendo uma porcentagem muito alta de cloro, completando que o produto era pesado e de difícil transporte.
Apesar da causa do acidente ter ocorrido pelo rompimento dos cabos de aço do guindaste que realizava a operação de içamento e carregamento de contêiner Isotanque, com supostamente 25 toneladas de gás cloro, o operador do equipamento poderia ter previsto ou mitigado o acidente.
Na avaliação do diretor executivo do Instituto de Capacitação e Treinamentos Técnico Portuária (Incatep), João Gilberto Campos, o treinamento e a capacitação dos operadores e responsáveis pelos materiais de estivagem, na movimentação de carga e descarga, inclusive de cargas perigosas, é vital para mitigar acidentes como este ocorrido no porto na Jordânia.
A indústria portuária necessita estar preparada para receber novos tipos de carga, principalmente as cargas perigosas. Para isto, o INCATEP desenvolveu uma plataforma AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), especifica para a atividade portuária, aonde a exposição ao perigo está presente no dia a dia. A plataforma apresenta ferramentas SÍNCRONAS, que necessitam de conexão em tempo real, e ASSÍNCRONAS, cujo conteúdo é disponibilizado dentro da plataforma, todas com atividades práticas presenciais, exigidas pelas normas regulamentadoras e trilhas formativas.
Segundo Campos — especialista em segurança no trabalho em terminais portuário e mestrando em engenharia mecânica —, apesar do acidente no Porto de Aqaba, na Jordânia ter sido uma falha mecânica (rompimento dos cabos), o trabalhador responsável pelo serviço poderia ter evitado o acidente ao executar os procedimentos de inspeção do material de estivagem, descritos nos conteúdos programáticos do PREPOM, normas ABNT e na Nr.29, antes de conectar os cabos, através de uma inspeção visual, nos cabos da lingada, do contêiner.
Além de ser certificado pela ISO 9001:2015, o INCATEP é credenciado pela Autoridade Marítima do Brasil. A Organização Marítima Internacional (IMO) desenvolveu um código para uniformizar o transporte de cargas perigosas, internacionalmente, o IMDG CODE, cuja alterações, através da resolução MSC.262(84), exigem capacitações e treinamentos, para diversos níveis de trabalhadores portuários, em terra e a bordo.
No Brasil, existem normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e principalmente a NR 29, que descreve com detalhes os riscos das operações com cargas perigosas no trabalho portuário, que se fazem presente nas bibliografias do PREPOM – Programa de Ensino profissional Marítimo e nas trilhas formativas do INCATEP.
Com grande expertise em simulação de riscos operacionais em portos, o especialista vê que o grande segredo na capacitação e treinamento da mão de obra portuária está no desenvolvimento da capacidade do trabalhador para identificação de potenciais riscos e ameaças operacionais. Além de treiná-lo a tomar a decisão correta para que, em caso de acidente, os impactos sejam mínimos.
Automação será crucial para portos se manterem competitivos
Os portos brasileiros investem mais em automação, porém o setor ainda não tem mão de obra qualificada. Para atender à crescente demanda de mercado, o Instituto de Capacitação e Treinamento Portuário - INCATEP desenvolveu simulador de controle remoto projetado para ajudar o setor portuário a treinar seus operadores. Muitos equipamentos já podem ser operados em modo remoto e esses simuladores, por sua vez, vão preparar essa mão de obra.
Através de etapas de capacitação e treinamento teóricos e práticos, batizadas como trilhas formativas, a empresa criou o sistema com sofisticado design de interface para atender o mercado portuário. São 28 simuladores para atender o treinamento dos trabalhadores portuários em equipamentos, do porto, como: empilhadeiras de pequeno porte, reach stacker, RTG, STS e MHC. guindaste de bordo, carregadores de navios, dentre outros.
Os sistemas de controle remoto podem ser personalizados para corresponder ao sistema de gerenciamento de guindaste específico. A mesa pode ser configurada com até seis monitores para imitar a configuração de uma mesa de operador de controle remoto. O sistema autônomo se integra facilmente com o software de simulação e à estação do instrutor, permitindo que o instrutor e administradores configurem cenários específicos, gerando estatísticas e relatórios.
Os cuidados para mitigar os riscos na movimentação de contêineres são um dos pilares para um transporte seguro e promovem diversos benefícios ao porto, ao trabalhador e aos clientes do terminal portuário.
Diretor Presidente do Incatep, João Gilberto Campos é mestrando em Engenharia Mecânica, Especialista em Terminais Portuários, Técnico de Segurança no Trabalho, Instrutor credenciado pela OIT/PDP com experiência de mais de 30 anos no mercado portuário nacional e internacional.
Comunicado corporativo - por INCATEP