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Digitalização é a porta de entrada para descarbonização, diz especialista

Antes mesmo de pensar, estudar e implantar soluções que visem à descarbonização da indústria marítima, é necessário adotar e aprender a lidar com as tecnologias digitais já disponíveis e tão necessárias para o desenvolvimento desse setor e de outros tantos da economia de qualquer país do mundo. E no Brasil não é diferente.

“A digitalização é a porta de entrada para a descarbonização”, disse Paulo Assunção Júnior, Vessel Insight/Digital Ocean da Kongsberg Digital no Brasil, no painel “Descarbonização na indústria marítima”, na conferência da Navalshore 2022, nesta quarta-feira (17).

“Somos responsáveis por 3% das emissões de gases de efeito estufa (GEE), o que parece pouco diante de todo o cenário. Mas se colocarmos isso em outro comparativo, o setor seria o sexto país que mais polui no planeta”, alertou Assunção.

Considerando a frenética transformação digital no mundo dos negócios, mas em especial para os armadores, ele defendeu um futuro pautado em parcerias: “O mercado de software tem uma extensa oferta, mas qual seria o melhor para o armador? Por isso que, na jornada digital da Kongsberg, o primeiro passo é conectar a embarcação de forma eficiente, disponibilizando todos os dados para o armador. O segundo passo é tratar e transferir esses dados com eficiência, disponibilizando-os em nuvem”, informou.

Gerente sênior e de novos negócios para a América Latina da Wärtsilä Brasil, empresa multinacional fornecedora de equipamentos navais para construtores, armadores e operadores de embarcações e instalações offshore, Mário Barbosa ressaltou, durante suaa palestra no painel, que a estratégia de transição para a descarbonização da companhia “foi tranquila”, a partir da adoção de soluções de eficiência energética.

“Em 2017, dentro do ‘ecossistema inteligente’ da Wärtsilä, começamos a trazer a hibridização, com pegada menor de carbono e com ganhos operacionais”, relatou Barbosa, lembrando a assinatura de uma parceria com o Grupo CBO, em 2020, para a conversão do PSV CBO "Flamengo" em uma embarcação de propulsão híbrida.

Ele também fez algumas ressalvas à viabilidade econômica dos chamados “combustíveis do futuro”, a partir do uso de hidrogênio, amônia e metanol, citando que o etanol – biocombustível já presente no Brasil, produzido a partir da cana-de-açúcar ou da biomassa do bagaço da cana – está mais próximo da realidade, tanto em disponibilidade imediata quanto em preço de mercado. “O etanol reduz em 76% as emissões de gases de efeito estufa, em comparação ao diesel. O etanol é um combustível possível, até em comparação ao preço do diesel que, mesmo sendo mais barato, emite muito CO2”, comparou Barbosa.

Em sua participação no mesmo painel, entre outras metas, o capitão de mar e guerra Fernando Alberto Gomes da Costa, da Secretaria Executiva da Comissão Coordenadora dos Assuntos da IMO (Sec-IMO) e da Assessoria para Atividades Marítimas Internacionais da Diretoria de Portos e Costas, reforçou os níveis de ambição da estratégia inicial da MEPC 304 – Estratégia Inicial da IMO sobre Redução de Emissões de GEE de Navios, adotada em 13 de abril de 2018. A IMO (Organização Marítima Internacional) é uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), responsável pela regulamentação do transporte marítimo. 

“Para 2030, a meta é reduzir as emissões de CO2, por carga transportada no transporte marítimo internacional, em pelo menos 40%, na comparação com 2008. Até 2050, nosso objetivo é buscar esforços para reduzir essas emissões em 70%, pelo menos, além de atingir o pico das missões de GHG (“Green House Gases”) no transporte marítimo internacional, assim que possível, e reduzir as emissões anuais totais de GHG em, pelo menos, 50% até 2050, também em comparação a 2008”, salientou Costa.






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