Diretor diz que estaleiro se tornou referência em upgrade de embarcações e que instalações estão preparadas para diferentes tipos de demandas
O Estaleiro Mauá (RJ) acredita em futuras oportunidades para construção de estruturas subsea e no aumento da procura das instalações em Niterói para uso como base de apoio logístico e offshore. As principais demandas atualmente são reparos e upgrade de embarcações de apoio marítimo e plataformas. O diretor comercial do Mauá, Arialdo Félix, destacou que, recentemente, o estaleiro se qualificou com uma série de empresas para serviços de estruturas subsea e que houve a liberação do berço 1.1 para ampliar a capacidade de atracação do complexo industrial e portuário.
Uma oportunidade identificada no mercado subsea é a montagem de sistemas manifolds na área coberta do estaleiro. Félix também disse que a demanda dos armadores de apoio marítimo por docagem é contínua. A direção do Mauá observa um volume crescente de embarcações que estavam ociosas sendo colocadas novamente em operação. “Sentimos que o mercado de PSVs (transporte de suprimentos) e AHTS (manuseio de âncoras) está de novo colocando a frota em operação. Muitos em lay up começando a se preparar para contratos que estão vindo”, contou Félix (foto) à Portos e Navios.
O diretor acrescentou que o complexo conta com retroárea e cais para receber embarcações, desde PLSVs (lançamento de linhas) até FPSOs. Félix mencionou que empresas como a Wilson Sons Ultratug, Subsea7, TechnipFMC, Maersk, Chouest e CBO realizaram modificações em embarcações do estaleiro de Niterói ou utilizaram as instalações como base de apoio. O diretor salientou que o Mauá atingiu um expertise nesse que é um serviço bastante especializado e que não é simples, mesmo para grupos verticalizados, que possuem estaleiros, muitas vezes, mais voltados para reparos emergenciais e construções. “O Mauá se tornou referência em modificação e upgrade no mercado”, afirmou.
O estaleiro conta com um efetivo de aproximadamente 1.000 pessoas. Félix disse que a quantidade de profissionais é suficiente para atender à demanda atual. Além dos reparos, o Mauá recebe demandas logísticas. Mas, no momento, não tem em carteira projetos de construção, nem de integração de módulos. O diretor garante que o estaleiro está preparado para qualquer tipo de segmento da indústria, seja construção naval, base de apoio, reparo ou upgrade.
“O Mauá já construiu embarcações ao longo da sua história. Durante um momento ficou muito mais voltado para offshore, mas não perdeu a característica de também poder fazer construção naval. Temos capacidade até de demanda emergencial. A velocidade de resposta é grande”, afirmou. O diretor destacou que o estaleiro tem uma localização estratégica para o recebimento de embarcações, próxima da entrada da Baía de Guanabara e sem problemas de calado aéreo porque fica antes da Ponte Rio-Niterói, além de estar instalado no berço da indústria naval brasileira, com capacidade de mão de obra no local e acesso a empresas do setor em Niterói.
Descomissionamento
Félix disse que o Estaleiro Mauá também tem condição de atender demandas futuras de descomissionamento, pois conta com calado para embarcações de grande porte e certificações (ISO 9001 e 14.001). O estaleiro está em processo de obtenção da ISO 37.001. “Estamos nos preparando para qualquer demanda que aparecer, a não ser que tenha restrição”, disse. Ele explicou que na recente concorrência para o descomissionamento da P-32, prevista para ser feita em Rio Grande (RS), as especificações para essa FPSO acabaram limitando a poucos diques no Brasil com capacidade de fazer esse serviço.
Ele ponderou que o Mauá tem estrutura e vem conversando com parceiros a fim de receber outras embarcações ou plataformas, dependendo das restrições. Félix explicou que, para reparos, há limitações para recebimento de embarcações de longo curso, mas que tem havido consultas sobre reparos para alguns navios de cabotagem no dique seco, cujo limite é de 22,5 metros de boca. “No passado, não víamos. Mas hoje vemos clientes não só da área offshore também nos procurando”, acrescentou.
Navalshore 2023
Para o diretor comercial do Estaleiro Mauá, a Navalshore 2023 será diferente da edição do ano passado, que foi a primeira após o período de pandemia. Ele acredita que será um evento em que os participantes devem dialogar mais sobre projetos e negócios. "Essa feira será mais para falar mais sobre negócios do que a última, que foi de reencontro. Agora é arregaçar as mangas, uma feira para olhar para o futuro (...) A feira do ano passado tinha muita gente em busca de oportunidades e, ao longo desse ano, muitas pessoas se recolocaram. Vai ter menos gente buscando emprego e mais gente buscando negócios. É a percepção que tenho”, comentou.
Félix avalia ainda que a participação recorde de brasileiros na feira OTC Houston, em maio deste ano nos Estados Unidos, já foi uma demonstração de que o Brasil estava voltando ao cenário offshore a nível internacional. O Estaleiro Mauá já percebe a necessidade de mais mão de obra qualificada, por conta do gap dos últimos anos, fez com que muitos trabalhadores desempregados procurassem empregos em outras atividades por falta de oportunidade na indústria naval.
O diretor relatou que a demanda por formação é grande porque existem empresas buscando profissionais prontos no mercado e que, quando um estaleiro tem qualquer demanda relevante, precisa de 500 a 1.000 pessoas, em média. “Sempre tivemos no Mauá escola de soldadores, estagiários (...) e, hoje, estamos com um programa forte de incentivo a novos talentos. Estamos tendo que preparar a mão de obra”.
Ele salientou que a demanda da indústria naval arrasta muitos outros segmentos e que cada emprego na indústria naval gera mais 4 ou 5 indiretos. Félix acredita que o setor, como um todo, tem capacidade de atender o que vier pela frente. “Nossa indústria tem capacidade para atender o que vem por aí. Não precisa ninguém ter medo que não vamos [construção naval] conseguir atender. Já passamos por momentos similares”, ressaltou Félix.