O Instituto Aço Brasil (IABr) vai rever as previsões de produção, vendas, exportações e importações para o setor siderúrgico para este ano, com o intuito de incorporar uma nova estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2014, menor do que a anterior. A entidade, que trabalhava até então com uma expectativa de aumento do PIB de 2,2% para este ano, vai fazer as novas contas considerando um crescimento da economia brasileira de 1,5% a 1,7%.
"Vamos aguardar um pouco mais para verificar o desempenho do setor no ano como um todo. Vamos ver ainda, mas estou antecipando que vamos ter de fazer uma revisão para baixo [dos indicadores do setor], afirmou o presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, em coletiva de imprensa sobre o desempenho do setor no primeiro trimestre de 2014.
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De acordo com as estimativas mais recentes do IABr, e que serão revistas, a produção brasileira de aço bruto alcançaria 35,9 milhões de toneladas em 2014, com alta de 5,2% em relação ao ano passado. Na mesma comparação, a expectativa de vendas internas era de crescimento de 4,1%. O IABr trabalhava ainda com uma previsão de queda de 4,9% das importações (para 3,5 milhões de toneladas) e de alta de 2,3% das exportações (totalizando 8,3 milhões de toneladas).
Nos primeiros três meses do ano, porém, as exportações recuaram 19,1%, em relação ao ano passado, somando 2 milhões de toneladas. Na mesma comparação, as importações aumentaram 3,9%, para 877 mil toneladas.
Diante dos números, o presidente executivo do IABr voltou a criticar fatores que estão afetando a competitividade do setor siderúrgico brasileiro: a cumulatividade de impostos, a alta carga tributária, o câmbio ainda valorizado e o elevado custo da energia. "[O pacote de] redução das tarifas de 20% nunca chegou para as siderúrgicas. A queda do custo da energia para siderúrgicas não passou de 7%", ressaltou Lopes. "Se nada for feito, 58% do nosso consumo será via importações em 2022", completou. Em 2012, esse percentual era de 31,5%.
Lopes não vê demanda suficiente para resolver o problema do excedente de aço no mundo, que somará 600 milhões de toneladas este ano. Para ele, o caminho viável para a retomada da competitividade da indústria é através do "enxugamento" de 300 milhões de toneladas anuais de oferta de aço globalmente. A proposta será defendida na próxima reunião da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), marcada para 5 e 6 de junho. "Não sei dizer o 'timming' para isso, teria que ser feita [a redução de capacidade] para que empresas começassem a ter Ebitda [geração de caixa] razoável. Estamos trabalhando firme na OCDE", disse o executivo.
O IABr não vê quadro de melhora suficiente no consumo para que o excedente de oferta no mundo seja absorvido. O consumo mundial em 2014 deve crescer 3,1% em relação a 2013, para 156 milhões de toneladas. Em 2015 o aumento esperado é de 3,3%, sobre 2014, totalizando 157 milhões de toneladas.
Fonte: Valor Econômico?Rodrigo Polito e Elisa Soares | Do Rio