ArcelorMittal fará investimento recorde em Tubarão para novo laminador. Demanda será de 2 mil empregos
O Espírito Santo deverá receber um novo investimento de US$ 1 bilhão (R$ 1,67 bilhão) a partir de 2012, para a implantação de um segundo laminador de tiras a quente (LTQ) na ArcelorMittal Tubarão, ex-CST. Trata-se da maior injeção financeira da multinacional no Estado, desde a construção do seu terceiro alto-forno, seis anos atrás. O novo equipamento deverá entrar em operação no final de 2014 e transformará em bobinas mais 3,5 milhões de toneladas de aço hoje exportadas em forma de placas.
Com uma capacidade para produzir 7,5 milhões de toneladas de placas de aço por ano, a siderúrgica de Tubarão já processa em seu primeiro LTQ, inaugurado em 2002, 4,5 milhões de toneladas de placas, que transforma em bobinas. Estas são transformadas em aço galvanizado em outra unidade da empresa localizada em Vega do Sul, Santa Catarina.
Até o final do ano passado, a direção da ArcelorMittal Brasil ainda estava em dúvida se implantava no Estado mais um LTQ e também um laminador a frio ou se dividia os investimentos, na área de aços planos, entre Espírito Santo e a unidade no Sul do país.
"A opção mais viável é mesmo pela implantação de uma terceira linha de laminação a frio, para produzir aço galvanizado, em Santa Catarina", explicou o presidente da ArcelorMittal Tubarão e diretor vice-presidente responsável pela área de aços planos da empresa no país, Benjamin Mário Baptista Filho.
Ao longo deste ano, serão desenvolvidos os estudos e projetos do novo LTQ. "A direção do grupo define o investimento até o final de 2011", explica Baptista. A previsão é de que as obras durem até o final de 2014, devendo absorver cerca de 2 mil trabalhadores, a serem recrutados no Estado.
Investir no segundo LTQ significa que a ArcelorMittal está apostando no mercado interno para colocação do seu aço, porém com mais valor. Em vez de exportar apenas placas, vai comercializar bobinas laminadas ou, ainda, em aço já laminado a frio, que é o aço galvanizado utilizado na produção de veículos e na produção de eletrodomésticos.
"A diferença entre o preço de uma tonelada de placa e uma tonelada de bobina é de US$ 100. Mesmo que o mercado doméstico não absorva toda a produção, inicialmente, parte dela pode ser exportada, mas projetamos colocar nossa exportação no mercado nacional", disse.
Retomada da produção
Exatamente quando o preço do aço começou a apresentar aumento no mercado internacional, em novembro do ano passado, a ArcelorMittal Tubarão teve que reduzir sua produção de placas devido à dificuldade para conseguir descarregar carvão mineral, depois que dois dos três descarregadores de navios da Vale foram derrubados por um vendaval no dia 18 de novembro passado.
Socorridas pelas siderúrgicas de Volta Redonda (CSN) e do Rio (CSA), a ArcelorMittal, Usiminas e Açominas Gerdau - as três que importam o carvão que utilizam nas coquerias pelo Terminal de Praia Mole - conseguiram manter a produção, ainda que de forma reduzida.
A partir de março, segundo o executivo da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Baptista Filho, o desembarque estará melhor, apesar de ainda não totalmente normalizado. "Tivemos que reduzir nossa produção, assim como as outras siderúrgicas, mas tivemos a ajuda da Vale e da CSN e CSA para não parar totalmente", explicou o executivo.
A retomada do mercado, segundo ele, é animadora principalmente nos dois últimos meses, quando o preço do aço já registrou cerca de 25% de aumento. "Não é só o preço do aço que está melhorando. Também de produtos agrícolas como soja, café e até mesmo petróleo", explicou Baptista, que aposta numa retomada, depois de mais de um ano ruim para o setor.
No curto prazo, a tendência é de que os preços continuem melhorando, já que há demanda no mercado externo e interno. "E mesmo com o dólar tão desvalorizado frete o real, a importação de aço, que vinha ocorrendo em meses anteriores, não será mais vantajosa e não deve continuar".
Para entender o laminador de tiras a quente
O laminador de tiras a quente (LTQ) tem a finalidade de transformar placas de aço grossas em bobinas de aço com pequena espessura. Ele é composto por três equipamentos principais: o forno de reaquecimento de placas e, na área de laminação, o laminador de desbaste e o trem acabador. Esses são os mais importantes pois têm influencia direta no sequenciamento.
Mais arrecadação
Orlando Caliman, Economista
Um segundo LTQ na ArcelorMittal Tubarão representa uma guinada no setor. Na verdade, já se produz bobina na empresa e elas já têm destinação no mercado interno, mas, agora, a companhia pretende destinar toda a produção para a indústria nacional. E terá mercado para isso. Basta lembrar que teremos muitas obras de infraestrutura para a Copa do Mundo em 2014, além das obras de construção civil e, depois, tudo o que será construído para as Olimpíadas de 2016. E é bom lembrar que vender para o mercado interno representa mais impostos para o Estado e municípios capixabas.
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Fonte: A Gazeta (Vitória) ES/Denise Zandonadi