O preço do aço subiu mais de 35% nos últimos dois meses e incrementou as pressões inflacionárias, já alimentadas pelo aumento nos alimentos e fontes de energia.
As enchentes em Queensland interromperam gravemente o fornecimento mundial de carvão de coque, um importante ingrediente na produção de aço, o que levou a uma luta no setor industrial para acumular aço.
A situação elevou o preço da bobina de aço laminado a quente nos Estados Unidos, referencial do mercado, em 37% desde o início de novembro, para uma cotação de US$ 783 a tonelada, a maior em dois anos, segundo a empresa de consultoria CRU.
O coque para entrega imediata chegou a US$ 350 por tonelada, 55% acima dos contratos trimestrais, que há apenas algumas semanas eram negociados a US$ 225. O minério de ferro, o outro principal ingrediente para produzir aço, avança rapidamente em direção a um novo patamar recorde, com o produto referencial entregue à China custando US$ 178,30 por tonelada, 20% a mais do que no início de novembro.
"As inundações em Queensland estão dando um estímulo aos preços do aço", afirmou Ralph Oppenheimer, presidente executivo da Stemcor, uma empresa de comercialização de aço. "As pessoas estão lutando para conseguir fornecimento."
O Estado australiano produz mais de 50% da oferta mundial de coque transportado pelo mar, do qual dependem as siderúrgicas na Ásia e, em menor grau, na Europa Ocidental.
A alta acentuada nos preços do aço deverá agravar as preocupações com as pressões inflacionárias, enquanto o petróleo flerta com a marca de US$ 100 por barril pela primeira vez desde 2008 e os preços dos alimentos estão em nível recorde, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês).
Embora mudanças no preço do aço tenham menos impacto imediato sobre os consumidores do que as oscilações nas commodities alimentícias e energéticas, o mercado de aço, que movimenta US$ 500 bilhões por ano, é crucial para a economia mundial, por ser a matéria-prima mais importante para vários produtos de uso cotidiano.
A inflação rapidamente torna-se a principal preocupação das autoridades monetárias de países emergentes, especialmente na Ásia.
Fonte: Valor Econômico/Jack Farchy | Financial Times, de Londres
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