As ações da Aços Villaressubiram 10,5% ontem, para R$ 0,95 por papel, após o anúncio de que a controladora Gerdaupretende incorporar a companhia até o fim deste ano. Segundo fato relevante publicado pela siderúrgica, o objetivo da operação é reduzir custos via "ganhos de escala, aumento de eficiências operacionais, comerciais e de gestão", além da "simplificação da estrutura societária" do conglomerado.
Conforme as condições propostas, para cada 24 ações ordinárias, com direito a voto, detidas da Aços Villares, o acionista terá direito a uma ação preferencial, sem voto, da Gerdau, que fechou cotada ontem a R$ 22,95, em baixa de 2,34%.
Para atender ao entendimento do Parecer de Orientação nº 35 da Comissão de Valores Mobiliários, que busca proteger o interesse dos minoritários em operações de incorporação de controladas, a Gerdau, na condição de controladora, não votará na assembleia da Aços Villares que deliberar sobre a operação. Atualmente, 12,6% das ações da fabricante de ações especiais estão em circulação no mercado.
As assembleias tanto da Gerdau como da Villares que analisarão a operação foram marcadas para o dia 30 de dezembro.
Atualmente, Gerdau S.A. já detém 58,5% do capital da Villares e a Prontofer, empresa de capital fechado que também pertence ao grupo, outros 28,9%.
No desenho societário feito para a operação, antes da incorporação da Villares, a Gerdau vai incorporar a Prontofer. Nesta primeira etapa, os sócios da Prontofer receberão 9 milhões de ações ordinárias e 50,5 milhões de ações preferenciais da Gerdau, em transação equivalente a R$ 1,3 bilhão. No momento seguinte, os minoritários da Villares trocarão seus papéis por 25,9 milhões de ações preferenciais da Gerdau, que valem hoje R$ 595 milhões.
No fim do ano passado, quando rumores de mercado levaram a uma oscilação atípica das ações da Aços Villares, a Gerdau veio a público, a pedido da CVM, para esclarecer que estudava a incorporação da controlada. Na ocasião, a companhia havia dito que a relação de troca estudada ficava entre 26 e 30 ações, pouco acima da razão proposta agora.
Procurada, a Gerdau informou que a operação não vai gerar ágio nem benefício fiscal. O motivo para que a incorporação ocorra no fim do ano é que isso ajuda a reduzir custos operacionais e de controle financeiros.
A incorporação de Aços Villares pela Gerdau unifica a gestão de duas empresas que atuavam separadamente no país na produção de aços especiais. A antiga Aços Finos Piratini foi adquirida nos anos 90 em programa de privatização da holding Siderbrás. Já a Villares, fundada nos idos de 1944, foi comprada, aos poucos, a partir de 2006, quando o grupo Gerdau decidiu montar uma grande operação mundial nesse segmento e assumiu 40% do capital da espanhola Sidenor, que, por sua vez, era dona do controle societário da Villares desde meados de 2000.
Localizada em Charqueadas, a 60 km de Porto Alegre (RS), a Piratini dispõe de capacidade para produzir por ano 430 mil toneladas de aço bruto. Com três unidades industriais no Estado de São Paulo - Mogi das Cruzes, Pindamonhangaba e Sorocaba - a Villares está apta a produzir 995 mil toneladas de aço, das quais pouco mais de 40 mil de cilindros de laminação. Sob a mesma gestão dentro da Gerdau, esses ativos poderão ser administrativa, operacional e comercialmente racionalizados, inclusive o mix de produtos.
A assessoria de imprensa da Gerdau informou que não estão previstas demissões de funcionários nem fechamento de unidades fabris. E afirmou que continua mantido o plano de construção de uma nova linha de laminação de aços especiais no país, orçada em R$ 350 milhões e com capacidade de 500 mil toneladas. O investimento visa atender ao crescimento do setor automotivo no país. Tem previsão de entrar em operação em 2012, mas o local de sua instalação ainda não foi definido.
O último ativo incorporado pelo grupo a essa unidade de negócio foi a americana Macsteel, em 2007. Com isso, a Gerdau tornou-se um líder mundial na produção de aços especiais, com capacidade produtiva superior a e 3 milhões de toneladas e com unidades fabris no Brasil, EUA e Espanha.
Esse tipo de aço tem cerca de 80% de sua aplicação na fabricação de peças e componentes para a indústria automotiva. Além disso é usado na indústria naval e em projetos relacionados a energias renováveis.
No terceiro trimestre de 2010, essa unidade de negócios respondeu por 27% do resultado operacional (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado do grupo, que foi de R$ 1,26 bilhão.
Fonte: Valor Econômico/Por Fernando Torres e Ivo Ribeiro | De São Paulo
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