O grupo químico holandês AkzoNobel está reforçando sua posição em papel e celulose no Brasil, com investimentos da ordem de € 90 milhões para a construção de duas fábricas para atender esse setor industrial. Esse complexo será erguido na fábrica da Eldorado Brasil, em Três Lagoas (MS), uma das maiores linhas de produção de celulose de eucalipto do mundo.
Segundo Antonio Carlos Francisco, presidente da Eka Chemicals, divisão de papel e celulose controlada pela AkzoNobel, o grupo vai construir duas fábricas - uma de dióxido de cloro e outra de clorato de sódio (matéria-prima para a produção de dióxido de sódio, largamente usada pelas empresas de papel e celulose).
As duas unidades deverão entrar em operação a partir de setembro de 2012. "A produção da unidade de dióxido de sódio será 100% absorvida pela Eldorado. Já a de clorato de sódio, com uma produção estimada de 70 mil toneladas/ano, atenderá outros clientes do setor", afirmou Francisco. Cerca de 35 mil toneladas de clorato de sódio serão destinadas à planta de dióxido de cloro para a Eldorado Brasil. As outras 35 mil toneladas serão para fabricantes independentes.
Segundo Francisco, a companhia holandesa está aguardando decisões de projetos no segmento de papel e celulose que estão em andamento para que a companhia possa fazer futuros investimentos nesse segmento.
Até agora, além do projeto da Eldorado, já foram confirmados projetos da Suzano Papel e Celulose nos Estados do Maranhão e Piauí, em duas novas fábricas com capacidade, cada uma, para 1,5 milhão de toneladas de fibra por ano. Fibria, resultante da união entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP), Cenibra, Klabin, Stora Enso e CMPC também avaliam expansão da capacidade produtiva. Assim, entre 2012 e 2015, o Brasil deverá ganhar uma nova fábrica de celulose de fibra curta a cada ano.
Os aportes anunciados de € 90 milhões em uma nova fábrica no Brasil são os maiores já realizados pela companhia na América Latina. Essa nova unidade vai fornecer, estocar e manejar todo produto químico que será consumido pela planta que está sendo construída pela Eldorado Brasil. "A fábrica de dióxido de cloro tem de estar no mesmo complexo da Eldorado, uma vez que esse produto não pode ser transportado", afirmou.
A Eldorado, que terá capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas em celulose branqueada de eucalipto, tem como acionistas a holding J&F, controladora da JBS Friboi, e a MCL Empreendimentos, do empresário Mário Celso Lopes. No fim do ano passado, fechou contratos que juntos somam cerca de R$ 2,5 bilhões para a implantação de sua primeira linha de celulose no município de Três Lagoas (MS). As encomendas foram feitas à Andritz e à Metso Paper, duas das maiores fornecedoras do mundo de equipamentos e engenharia para a indústria de celulose e papel.
Segundo a AkzoNobel, a iniciativa reforça a importância de mercados emergentes para o grupo, que tem a meta de dobrar seu faturamento no Brasil para € 1,5 bilhão em cinco anos. De acordo com a AkzoNobel, apesar de a Eldorado ser o principal cliente, a planta também irá atender a outros consumidores considerados chave no Brasil. "O Brasil e a China têm grande importância para o nosso grupo. Mas se considerarmos somente o setor de papel e celulose, o Brasil ganha uma importância ainda maior", disse Francisco.
Francisco afirmou que o mercado de clorato de sódio tem crescido no país. Com esses investimentos, a companhia poderá reduzir a importação do produto para atender à demanda no mercado interno. A expectativa é de que a produção da AkzoNobel a partir de 2012 atinja cerca de 200 mil toneladas, quando a unidade estiver em operação. No Brasil, a empresa conta com cinco fábricas, das quais duas já produzem esse produto - uma em Jundiaí (SP) e outra e Eunápolis (BA).
Fonte: Valor Econômico/Eduardo Laguna, Mônica Scaramuzzo e Stella Fontes | De São Paulo
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