De Buenos Aires - Diante do persistente aumento da demanda por aço no Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda flexibilizar a exigência de 60% de conteúdo nacional para a concessão de financiamentos à fabricação de turbinas para hidrelétricas e equipamentos eólicos no país.
Técnicos do banco avaliam a possibilidade de retirar o aço do cálculo de nacionalização, tanto em valor quanto em proporção física dos equipamentos. Ainda não há decisão. Empresas como a Impsa, que produz torres e aerogeradores em Suape (PE), reclamam que o aquecimento do mercado interno tem feito os preços domésticos de chapas grossas subirem e colocado em risco o cumprimento de prazos para a entrega dos bens.
Mesmo se a flexibilização for adotada apenas para o setor de energia elétrica, representa um importante precedente nos financiamentos a empresas de outras áreas. Procurado pela reportagem, o BNDES não informou qual é a dimensão dos estudos que estão sendo preparados.
"O custo do aço local é preocupante", afirma Juan Carlos Fernández, vice-presidente da Impsa. Na fábrica da empresa em Mendoza, no oeste da Argentina, as importações de chapas grossas laminadas a quente da Usiminas têm sido substituídas por aço da China. Segundo um engenheiro que trabalha na linha de produção, mais do que o preço, o problema tem sido o prazo de entrega. Em vez dos habituais três meses, as entregas estão levando até oito meses.
"O problema do aço chinês é a qualidade", afirma o engenheiro, lembrando que isso exige um controle mais rigoroso, com visitas periódicas de técnicos para inspecionar as siderúrgicas asiáticas. Mesmo com todo o custo de logística e a tarifa de importação, afirmou esse engenheiro, o aço da China chega à fábrica por 70% do preço brasileiro. Por enquanto, a unidade da Impsa em Mendoza não está sendo afetada pela escassez de produtos siderúrgicos, graças ao estoque de 5 mil toneladas. A produção anual requer o consumo de 7,5 mil toneladas aproximadamente.
(Fonte: Valor Econômico/DR)
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