Conforme os preços do petróleo sobem acima de US$ 130 o barril, alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (grupo conhecido como Opep+) dizem que o rali está sendo impulsionado pelo pânico – e não por um descompasso entre demanda e oferta no mercado.
Os preços do petróleo atingiram sua maior alta desde 2008 nesta segunda-feira devido a preocupações com uma possível interrupção do fornecimento da commodity após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A ameaça de possíveis sanções às importações de petróleo da Rússia, um dos maiores exportadores de petróleo e gás do mundo, está impulsionando a alta.
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Mas a Opep, liderada pela Arábia Saudita, e seus aliados, liderados pela Rússia, estão mantendo os planos de produção por enquanto, de acordo com alguns de seus membros. Eles dizem que, embora os preços tenham subido devido a preocupações com a oferta, não houve nenhuma interrupção significativa na Rússia até agora. "No que diz respeito à Opep, há um equilíbrio entre demanda e oferta", disse um representante do grupo nesta segunda-feira.
O aumento nos preços está sendo impulsionado pelo pânico e não pelos fundamentos de oferta e demanda, o que significa que qualquer oferta adicional não mudaria muito, observaram alguns membros. Também pode ter o efeito oposto, com os preços subindo ainda mais devido a preocupações com uma redução na capacidade de reserva, como foi visto na semana passada, disseram eles. Os preços do petróleo subiram apesar de um grupo de países consumidores de petróleo liberar 60 milhões de barris de petróleo de seus estoques de emergência.
"Se a Opep se reunir amanhã e decidir bombear mais, teremos aqueles que diriam que isso significa que a Opep tem ainda menos capacidade ociosa", disse um alto funcionário da Opep do Golfo Pérsico. "É uma situação em que você está condenado se fizer alguma coisa e condenado se não fizer nada".
Outros delegados disseram que nenhuma ação estava na mesa nesta fase, pois a Opep + ainda prevê um excedente de petróleo este ano.
O cartel, no entanto, ainda pode mudar de rumo se as interrupções à exportação do petróleo russo levarem os preços do petróleo a níveis insuportáveis para os consumidores. A Rússia já está com dificuldade para vender seu petróleo, já que muitos transportadores, bancos e comerciantes se abstêm de realizarnovas entregas.
"Se os preços subirem a um nível que levaria à destruição da demanda, então é uma situação diferente", disse uma autoridade saudita. No entanto, "nenhum dos principais atores da Opep + está disposto a agir unilateralmente de outra forma", disse ele.
Alguns países membros do grupo estão preocupados que os preços elevados podem eventualmente prejudicar a demanda em alguns mercados-chave que já lutam com a inflação elevada.
"Brent a mais de US$ 130 por barril é um desafio para a economia mundial e para o futuro do petróleo", disse o presidente da Opep, Mohammed al-Shatti, em um tuíte nesta segunda-feira.
O contrato futuro do petróleo Brent para maio - a referência global da commodity - chegou a tocar os US$ 139,13 por barril na máxima intradiária, antes de moderar os ganhos.
Alguns representantes de países da Opep disseram que é improvável que a Rússia aprove quaisquer suprimentos adicionais, pois se beneficia politicamente dos preços mais altos do petróleo, o que poderia impedir os EUA de impor sanções que atingiriam o setor de energia de Moscou. O secretário de Estado Antony Blinken disse no domingo que os EUA e a Europa estão discutindo a proibição das importações de petróleo russo.
Autoridades da Opep dizem que também estão preocupadas com o possível retorno de mais de um milhão de barris por dia de petróleo iraniano aos mercados em meio ao progresso nas negociações nucleares com potências globais para suspender as sanções a Teerã.
Os preços subiram acentuadamente nos últimos meses, em parte porque vários membros da Opep+ não conseguiram cumprir os seus aumentos de produção, pois a demanda global aumentou.
Fonte: Valor