Em apenas dois anos, o uso da capacidade instalada de banda larga no mundo praticamente dobrou. Segundo a TeleGeography, passou de 146 terabits por segundo (tbps) em 2013 para 295 tbps em 2015. Na América Latina, o crescimento anual da demanda ultrapassa 40%. Por causa dessa tendência, a região é a que deve receber mais investimentos em cabos submarinos de fibra ótica entre 2016 e 2018 - um total estimado em US$ 2 bilhões.
Há grandes projetos no Brasil tanto compartilhados quanto independentes, como o Seabras 1, que não envolve nenhuma operadora de telecomunicações: é uma obra de US$ 500 milhões da operadora de cabos norte-americana Seaborn Networks, que tem aporte do Partners Group para criar até 2017 uma rota ponto a ponto entre São Paulo e Nova York (EUA). Terá 10,5 mil km de extensão.
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A capacidade inicial máxima projetada para o cabo Seabras-1, que terá seis pares de fibras ópticas, será de 72 tbps. "É muito superior à soma das capacidades dos antigos cabos instalados na rota, projetados no final dos anos 90", explica Marcos Martin Costa, diretor de desenvolvimento de negócios da Seaborn. O Seabras-1 será equipado com tecnologia de 100 gbps ao longo do sistema e não somente nas landing stations.
Segundo Costa, o Seabras-1 pode ser alternativa às empresas para a construção de suas próprias redes de comunicação global e também para obtenção de capacidade IP fora do Brasil a preços mais competitivos. "O Seabras-1 terá branching units que permitirão o fácil atendimento de outras regiões no futuro próximo, por meio de derivação do cabo. Poderemos atender Fortaleza e Rio de Janeiro e Las Toninas, na Argentina", diz Larry Schwartz, CEO da Seaborn.
Outro projeto é o Brusa, da Telefônica, por meio de sua empresa de infraestrutura Telxius Cable. É uma rota de 11 mil km de cabo submarino entre Brasil e Estados Unidos, conectando, a partir de 2018, Rio de Janeiro e Fortaleza a San Juan (Porto Rico) e a Virginia Beach (EUA), mediante investimento semelhante ao do Seabras. "A tecnologia de codificação em fibra ótica permitirá ao Brusa transportar mais de 100 tbps", diz Rafael Arranz, COO da Telxius Cable. "O governo e as empresas terão a possibilidade de melhorar suas comunicações e velocidades de acesso com os principais centros de negócios do mundo", afirma.
O Google anunciou recentemente o projeto Júnior, previsto para agosto de 2017, que não será compartilhado com outras empresas. As estações para o cabo de 390 km do Júnior estarão localizadas na Praia da Macumba, no Rio de Janeiro, e em Praia Grande, Santos. O cabo terá oito pares de fibra e três repetidores submarinos desenvolvidos pela Padtec, de Campinas. A empresa não divulga os gastos com o Júnior, mas especialistas estimam em US$ 25 milhões. Outro projeto, o Tannat, em parceria com a operadora Antel para ligar Brasil e Uruguai (Santos a Maldonaldo), tem 2 mil km de extensão e capacidade de 90 tbps. O Tannat será unido a outro projeto, o Monet. "O Google está investindo para acompanhar o crescimento da base de usuários e continuar a entregar uma experiência segura e rápida", afirma Marcelo Lacerda, diretor de relações governamentais do Google Brasil.
Previsto para operar no final deste ano, o Monet é uma parceria entre Google, Antel, Algar Telecom e Angola Cables para a construção de um novo cabo submarino de 10,5 mil km, que conectará Santos (SP), Fortaleza (CE) até Boca Ratón, na Flórida (EUA.) Segundo Marcelo Nunes, diretor de parcerias estratégicas da Algar Telecom, o investimento total pode chegar a US$ 500 milhões. A capacidade deve ultrapassar 64 tbps.
Fonte: Valor Econômico/Fernando Porto | Para o Valor, de São Paulo