A desaceleração da economia chinesa e o aumento da oferta global de minério de ferro estão levando analistas a manter cortes em suas projeções para os preços da commodity nos próximos anos.
No início deste ano, as estimativas de dez bancos consultados pelo Valor eram de um preço médio de US$ 114 por tonelada neste ano e de cotações próximas de US$ 100 por tonelada em 2015 e 2016. Hoje, os analistas apontam como projeções mais altas US$ 90 a tonelada, e os números mais recentes são mais pessimistas para as mineradoras: de US$ 50 a US$ 80 por tonelada, em média, no próximo ano.
Ontem, o minério de ferro foi negociado a US$ 70,60 a tonelada, para um teor de 62% de ferro.
Surpresos com a rápida queda do preço da matéria-prima do aço nas últimas semanas, os analistas comentam que a China não vem cortando sua produção de minério de ferro conforme era esperado. Com altos custos, as empresas chinesas estão operando com prejuízos, afirmam. Com isso, além dos novos projetos que estão adicionando ao mercado dezenas de milhões de toneladas ao ano, a oferta segue sustentada pela produção atual de alto custo.
A demanda também tem sido uma surpresa negativa para o setor. Os analistas do Deutsche Bank dizem que o inverno está prejudicando a produção no setor de construção civil na China, em um momento também complicado para o setor dado o excesso de oferta no mercado imobiliário. Com isso, diminuiu a demanda por aço no país, que é o maior comprador dos embarques globais de minério de ferro, com cerca de dois terços do total.
Para o último trimestre de 2014, Standard Bank, Citi, AZN Bank, Goldman Sachs, Barclays e JP Morgan estão entre os bancos que cortaram projeções.
Em geral, os analistas afirmam que as perspectivas seguirão ruins para a demanda chinesa em 2015, embora alguns mencionem a chance de um aumento pontual das compras de minério de ferro após o inverno do país, para reposição de estoques. Após dados mais fracos da indústria chinesa nos últimos meses, a percepção é a de que o país não vai puxar a demanda como antes. O índice de gerente de compras (PMI) do setor manufatureiro, medido pelo HSBC, por exemplo, registrou 50 em novembro na China, menor nível desde maio de 2014.
Nas contas do Citi, o minério seguirá em queda e atingirá uma média de US$ 50 por tonelada no fim do ano que vem. O ANZ Bank calcula agora US$ 78 para a tonelada em 2015, abaixo dos US$ 101 por tonelada anteriormente. O Goldman Sachs, que estima um acréscimo de 130 milhões de toneladas vindas do Brasil e da Austrália no período de 2015 e 2016, estima US$ 80 por tonelada em 2015 e US$ 79 em 2016.
Analistas do Standard Bank e do Barclays, embora tenham colocado em seus últimos relatórios das últimas semanas preços da ordem de USS 90, afirmaram ontem que seus números já estão velhos. A demanda chinesa caiu significativamente desde o início do trimestre, enquanto os embarques cresceram mais do que o esperado, afirma a analista Melinda Moore, do Standard Bank. Em seu relatório, ela citava como risco de baixa do preço a possibilidade de o governo chinês ajudar as mineradoras em US$ 5 a US$ 10 por tonelada, como já aconteceu no caso de carvão.
O JP Morgan espera um preço médio de US$ 80 por tonelada no quarto trimestre deste ano, 6% abaixo de sua previsão anterior. Isso significa um preço médio anual de US$ 99 por tonelada. Para 2015, estima US$ 88 por tonelada, 9% abaixo da previsão anterior.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso | De São Paulo
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