A indústria mineradora deverá sofrer uma retração nos investimentos, uma vez que as maiores companhias estão reavaliando seus planos de gastos de capital diante das maiores pressões sobre os preços e das perspectivas incertas de crescimento.
A BHP Billiton e a Rio Tinto disseram, na semana passada, que estão reavaliando planos de investimentos de dezenas de bilhões de dólares em grandes projetos de desenvolvimento, diante da redução da taxa de crescimento da China e do lobby que vem sendo feito por alguns investidores por uma atenção maior ao controle de custos e à devolução de fundos para os acionistas.
As duas mineradoras, que deverão responder por cerca de um terço dos investimentos totais do setor neste ano, sinalizaram que poderão diminuir o ritmo ou adiar projetos, na medida em que priorizam suas oportunidades mais lucrativas equiparar os gastos com seus fluxos de caixa.
Analistas do Citigroup, que acompanham as estimativas para cerca de 40 mineradoras de todas as partes do mundo, acreditam que os investimentos no setor cresceram 13% este ano, em comparação de uma previsão de 34% feita poucas semanas atrás. Eles agora preveem uma queda para 2013.
Na mais recente pesquisa feita pelo banco com as companhias mineradoras, em abril, metade delas disseram que estavam considerando uma redução de seus orçamentos, em comparação a menos de um quinto três meses antes.
Os cortes poderão significar o fim de um período aquecido para os fornecedores ao setor, como a Caterpillar e a Joy Global, dos Estados Unidos, e a Atlas Copco da Suécia, que se beneficiaram da demanda por caminhões, escavadeiras e sistemas de correias, para atender o apetite voraz da China por matérias-primas.
"Isso certamente é um acontecimento negativo para o sentimento em torno dos fornecedores de equipamentos de mineração", diz Natalia Mamaeva, do Citigroup. "Eles se saíram extremamente bem com o boom das commodities e dos investimentos, e o mercado está vendedor. Portanto, os preços também foram beneficiados."
Fornecedores como a Caterpillar - que tem uma carteira de pedidos que entrar em 2014 e tem um tempo de execução prolongado - provavelmente estarão protegidos no curto prazo da queda dos investimentos. No entanto, essa redução poderá aliviar o aumento dos custos com a mão de obra, equipamentos e materiais na indústria da mineração.
"Se as mineradoras ficarem mais seletivas, isso terá um impacto para os fornecedores e na inflação dos custos", diz Jeff Largey, analista da Macquarie. "Muito da inflação dos custos é motivado por todos aqueles que tentam empreender projetos ao mesmo tempo. A intensidade de captação de recursos para os projetos deverão começar a diminuir."
Fonte: Valor Econômico/Por Helen Thomas | Financial Times, de Londres
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