O preço do barril de petróleo deve voltar a superar a marca dos US$ 50 apenas ao término de 2021, afirmaram analistas durante evento on- line sobre commodities, promovido pelo jornal “Financial Times” na manhã desta terça -feira. Especialistas da WoodMackenzie, Andurand Capital, e Trafigura projetam que, até o final do próximo ano, a demanda global de petróleo esteja perto dos 100 mil barris por dia - em cenário com a existência de vacina contra covid-19.
“Trabalhamos com a hipótese de vacinação ao final do primeiro trimestre de 2021. Isto levaria a demanda por combustíveis aéreos a voltar aos níveis de 2019 somente em 2023. Por enquanto, o crescimento do consumo destes combustíveis virá principalmente da China, em voos domésticos”, afirmou, no evento virtual, Ann-Louise Hittle, vice-presidente de pesquisa da consultoria WoodMackenzie.
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Já Pierre Andurand, CEO da Andurand Capital, gestora de fundos de hedge especializada no mercado de petróleo, acredita que o pico da demanda global por óleo pode ocorrer entre 2022 e 2026.
Para Andurand, a pandemia mostrou os aspectos frágeis do atual cenário econômico - e, melhorar rentabilidade será algo desejado no setor de petróleo. O especialista comentou que, cada vez mais, as petroleiras levarão em conta taxações, por emissões de carbono, em suas decisões de investimentos. “A pandemia demonstrou fragilidades do sistema econômico. Isso deveria lembrar a todos que as mudanças climáticas serão muito piores do que o que vivemos hoje, pois não haverá vacina”, alertou ele.
Por sua vez, Ben Luckock, co-chefe de comercialização de petróleo da Trafigura, comentou que, na crise atual, no setor de petróleo, o refino foi um dos mercados mais afetados, e tem trabalhado com margens mais apertadas. “Haverá uma racionalização no refino e já começamos a ver isso. No futuro, para algumas [empresas] sobrevivem, outras precisarão morrer”, explicou Luckock.
No evento, os especialistas abordaram também um possível impacto da corrida eleitoral norte-americana, nos preços do barril e no setor de petróleo como um todo. Para eles, as eleições americanas não devem ter forte impacto no mercado no curto prazo. Uma possível vitória democrata e o afrouxamento das sanções ao Irã, por exemplo, teriam efeitos apenas no médio prazo, observaram os analistas.
Por sua vez, Hittle, vice-presidente de pesquisa da consultoria WoodMackenzie acrescentou que a produção de países como Irã e Venezuela ainda terá espaço no mercado até 2030. Isso porque o aumento da produção de petróleo dos Estados Unidos não será suficiente para compensar quedas em outras regiões, por enquanto. “Estes países só precisam se preocupar [com a queda da demanda] ao final da próxima década”, acrescentou.
Nesta manhã, os contratos futuros do Brent para novembro 3,16% aos US$41 por barril, enquanto os preços do West Texas Intermediate (WTI) para o mesmo mês caíam 3,57% aos US$39,13.
Fonte: Valor