A Alcoa, que abre a temporada de resultados nos Estados Unidos após o pregão de ontem, mostra dificuldades em se desvencilhar do cenário de baixos preços para o alumínio e abre caminho para um período de resultados decepcionantes.
A maior fabricante de alumínio do mundo, que fornece matéria-prima para produzir desde canecas de bebida até edifícios, carros e aviões, lucrou US$ 0,15 por ação um ano antes. Mas neste período deve apresentar um resultado próximo ao prejuízo de US$ 2 milhões.
Analistas revisaram projeções diante do alto volume de estoque de alumínio resultante da desaceleração dos países emergentes e da crise europeia. Os bancos de investimento J.P. Morgan e UBS passaram de uma expectativa de ganhos de US$ 0,04 e US$ 0,06 por ação, respectivamente, para prejuízo de US$ 0,01 e US$ 0,02, na sequência. O Goldman Sachs, que projetava lucro de US$ 0,10 neste resultado, reduziu a estimativa para US$ 0,01 por papel.
Apesar da forte demanda das indústrias aeroespacial e automotiva e da expectativa de queda das despesas com manutenção, o aumento dos custos de energia e a queda do preço do metal continuam a preponderar, diz o UBS.
Atualmente, o alumínio bruto é cotado US$ 2,1 mil por tonelada na London Metal Exchange (LME), muito abaixo do nível de US$ 3 mil por tonelada nos anos que antecederam a crise financeira. No início do ano, a Alcoa anunciou planos de corte de produção em 12% nos Estados Unidos e Europa, o que ajudou a elevar o preço do alumínio para US$ 1,8 mil a tonelada em agosto.
"Acreditamos que os investidores observarão o nível de lucro das operações "upstream" (da extração da bauxita à produção do alumínio primário), no ambiente de preços menor no terceiro trimestre, para acompanhar a forma como a redução de custos e a melhora de produtividade estão evoluindo", afirma a equipe de análise liderada por Brian Ossenbeck, do J.P. Morgan.
O aumento dos custos de energia e a queda do preço do metal continuam a afetar o desempenho do setor
O analista Brian MacArthur, que assina o relatório do UBS, estima a continuidade dos ganhos de produtividade nas etapas iniciais dos processos, enquanto os resultados finais de produção e distribuição serão estáveis. A deterioração do mercado de construção civil e da indústria, principalmente na Europa, deve ofuscar as iniciativas da empresa para melhorar seus processos, afirma MacArthur.
Sem perspectiva de melhora da economia global, ao menos até o fim deste ano, a Alcoa pode reduzir a projeção de aumento no consumo global do alumínio para 2012, de 7% para 6%, diz Bill Selesky, da Argus Research. Ao mesmo tempo, o analista pondera que o plano de cerca de US$ 157 bilhões em estímulos à infraestrutura na China pode ajudar a impulsionar o consumo da commodity.
As vendas da Alcoa devem cair 13% no trimestre, na comparação com o ano anterior, para US$ 5,6 bilhões, estimam analistas consultados pela Dow Jones. Embora alguns investidores estimem que a queda dos preços de alumínio, o aumento dos estoques e a piora dos resultados já estejam incorporados ao preço da ação, o Goldman frisa que "a recuperação dos lucros será lenta, sem catalisadores para a ação no curto e médio prazos".
Fonte: Valor / Tatiane Bortolozi
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