País enviou uma carta nesta semana dizendo que tentará melhorar, mas ainda assim sofre pressão por um compromisso mais forte, segundo fontes
A Angola está sob intensa pressão de outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados - Opep+ - para acelerar seus cortes na produção de petróleo, e a resposta do país africano até agora não conseguiu apaziguar o grupo.
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Após forte lobby de outras nações, incluindo uma intervenção pessoal do presidente da Nigéria Muhammadu Buhari, Angola enviou uma carta nesta semana dizendo que tentará melhorar, segundo pessoas com conhecimento do esforço diplomático. No entanto, outros membros da Opep+ ainda estão pressionando por um compromisso mais forte, disse um funcionário.
A Angola está entre os vários integrantes da Opep+ que não implementaram seus cortes de produção acordados em maio. Em junho, juntou-se aos outros retardatários no compromisso de cumprir sua cota e reduzir ainda mais a produção entre julho e setembro para compensar a superprodução.
No entanto, retrocedeu verbalmente mais tarde em sua promessa e, em vez disso, pediu para adiar a compensação até outubro, disseram os envolvidos na discussão que pediram para não serem identificados porque as conversas são privadas. Em uma carta de 30 de junho, vista pela Bloomberg, o país suavizou um pouco essa posição.
“A Angola fará o possível para compensar o excesso de produção de petróleo de maio até o final de setembro de 2020”, segundo a carta assinada pelo ministro do petróleo, Diamantino Pedro Azevedo.
Isso não foi suficiente para outros países, que ainda pressionam por um cronograma detalhado sobre os cortes, disse uma autoridade. A Angola ainda não respondeu à demanda, disse o funcionário.
Problema de Pinóquio
A Opep e seus parceiros se comprometeram a reduzir a oferta em cerca de 9,7 milhões de barris por dia - cerca de 10% da produção global - até pelo menos o final de julho para compensar o colapso na demanda causada pela crise do coronavírus.
No entanto, países como Angola, Iraque e Nigéria não atingiram suas metas de produção em maio. O desempenho desses países melhorou em junho, mas o trio ainda estava com taxa de conformidade em 100%, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A trapaça é tão antiga quanto o sistema de cotas de produção da Opep, que remonta a meados da década de 1980. Os acadêmicos chamam de problema de “free rider”: alguém se beneficia do esforço de todos os outros sem contribuir. Na Opep, os ministros chamam isso de problema de “Pinóquio”.
Os retardatários, que também incluem o Cazaquistão, sofreram grande pressão da Arábia Saudita e da Rússia para dar fim à trapaça. Todos prometeram cortar ainda mais em julho, agosto e setembro, não apenas para cumprir suas metas, mas para compensar o excesso de produção em maio e junho.
O Comitê de Monitoramento Ministerial Conjunto, grupo de países da Opep+ que supervisiona o acordo de produção, deve realizar uma teleconferência entre 14 e 15 de julho para avaliar a conformidade de cada membro.
Apesar dos tropeços, a implementação geral dos novos cortes feitos pela organização foi forte em maio, de 87%. Os preços do petróleo se fortaleceram como resultado das medidas e da recuperação da demanda por combustíveis em países como a China.
Fonte: Valor