Apesar de liderar com folga o ranking dos maiores fabricantes globais de aço, a China não foi, desta vez, totalmente responsável pelo crescimento da oferta de aço no mundo em 2014. A produção de aço bruto das usinas em 65 países somou 1,66 bilhão de toneladas, alta de 1,2% em relação ao volume de 2013. Em desaceleração, sobretudo no segundo semestre, a China terminou o ano passado com 822,7 milhões de toneladas, uma expansão de apenas 0,9% frente ao desempenho do ano anterior. Os dados são da Worldsteel, principal associação do setor, que reúne dados de cerca de 170 produtores, e foram divulgados ontem em Bruxelas.
O Oriente Médio, embora pouco relevante no volume mundial (com 1,7% do total) se destacou como a região que teve maior crescimento de produção em termos percentuais. Para atender à crescente demanda interna de aço pelos setores de infraestrutura e construção civil, os países da região elevaram em 7,7% a produção de suas siderúrgicas, para 28,5 milhões de toneladas.
O Japão permaneceu na vice-liderança, estável em 110 milhões de toneladas, seguido de perto pelos Estados Unidos, onde houve uma reação de expansão da produção de 1,7%. A Índia continuou na quarta posição e reduziu sua diferença para os EUA, em linha com sua estratégia de crescimento para elevar o consumo per capita do país, que é um dos mais baixos do mundo.
Um surpresa foi o crescimento de 7,5% da Coreia do Sul, ao alcançar 71 milhões de toneladas. Com isso, o país ultrapassou a Rússia e passou a ser o quinto maior produtor global de aço, segundo as informações da Worldsteel. A siderurgia russa cresceu menos no ano passado - 2,6%.
A indústria do aço alemã segurou a sétima posição, com 42,9 milhões de toneladas, ao mostrar leve crescimento de 0,7%.
Em seguida ficaram a Turquia, com 34 milhões de toneladas, queda de 1,8%, e o Brasil, com 33,9 milhões de toneladas, 0,7% menos do que em 2013. O décimo maior produtor foi a Ucrânia. Problemas políticos e econômicos do país levaram a uma queda de 17,1% no volume produzido em 2014, para 27 milhões de toneladas. Entre os dez maiores produtores, apenas os três últimos apresentaram desempenhos negativos.
No caso brasileiro, a desaceleração da demanda interna de produtos siderúrgicos e a falta de competitividade para exportar contribuíram para a redução da oferta de aço bruto. O Brasil produziu no ano passado 100 mil toneladas a menos que o volume fabricado pelos turcos.
A siderurgia brasileira patina nesse patamar há vários anos, operando com uma ociosidade acima de 30% sobre a capacidade instalada das usinas, que está acima de 48 milhões de toneladas ao ano.
As siderúrgicas locais, além da situação de retração da economia do país, tiveram de enfrentar a competição com o aço importado. Ao todo, entraram no país 4 milhões de toneladas (maior 8%), abocanhado cerca de 16% do consumo aparente do país.
Os produtores globais de aço tiveram em dezembro um índice de utilização de capacidade de 72,7%, bem abaixo da média de 76,7% do ano, o que mostra uma desaceleração recente. Em 2013, a utilização da capacidade produtiva estava em 78,4%, de acordo com os dados da Worldsteel.
Entre as regiões que tiveram queda de produção no ano passado despontaram Europa, com recuo de 0,1%, para 312,9 milhões de toneladas; a América do Sul, com uma diminuição de 1,4%, para 45,2 milhões de toneladas; e a África, com queda de 0,7%, para 15,9 milhões de toneladas.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso e Ivo Ribeiro | De São Paulo
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