Após vários ataques às maiores instalações de petróleo do país, a Arábia Saudita está entrando em contato com produtores estrangeiros de petróleo e derivados, para garantir o consumo interno enquanto mantém a sua própria produção para exportação.
Os ataques, realizados no último sábado contra duas instalações da estatal petroleira Saudi Aramco, afetaram cerca de metade da produção de petróleo do país e a suspensão da produção saudita causa efeitos indiretos em toda a cadeia global de fornecimento de petróleo.
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Para manter a reputação de fornecedor confiável, a maior exportadora de petróleo do mundo quer comprar petróleo de pelo menos um de seus vizinhos, disseram fontes do mercado ouvidas pelo “Wall Street Journal”
A estatal Saudi Saudi Aramco disse na terça-feira que vai garantir o cumprimento das suas obrigações com os clientes enquanto repara os danos provocados pelo ataque do fim de semana.
As autoridades sauditas disseram no início desta semana que vão usar as reservas para retomar os níveis normais de produção até o fim deste mês. No entanto, a notícia de que o país está buscando importar petróleo gerou preocupação no mercado nesta quinta e elevou os preços da commodity após quedas nas duas últimas seções.
Pela manhã, os contratos futuros do Brent para novembro operavam em alta na ICE, em Londres. Na Bolsa de Mercadorias de Nova York, os contratos do WTI para novembro também operam em alta.
"Se você é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e precisa de alguém para abastecer as suas refinarias, então é porque há claramente uma escassez", diz Tamas Varga, da PVM Oil Associates, em reação às notícias de que a Arábia Saudita está importando crude e produtos petrolíferos.
"Há um grande jogo de adivinhação neste momento e o mercado vai reagir a essas notícias, uma vez que é a única coisa a que o mercado pode reagir", acrescenta Varga.
"Esta situação lembra a interrupção do oleoduto em Druzhba, quando as notícias se contradiziam de que ia demorar duas semanas ou alguns meses. Se você é um investidor, deve pensar que a produção da Arábia Saudita não vai normalizar assim tão cedo como se pensava inicialmente."
Outro fato desta quinta relacionado às tensões no Oriente Médio é a declaração do ministro de Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, que disse que o seu país está pronto para a guerra caso seja atacado.
Ontem, o Ministério de Defesa da Arábia Saudita rejeitou que o ataque à Aramco tenha partido do território do Iêmen, onde rebeldes houthis reivindicaram a responsabilidade pela ação. A monarquia saudita e os EUA acusam o Irã de ter participado diretamente do ataque, embora Teerã negue.
Fonte: Valor