Com dinheiro sobrando, instituições financeiras miram parcerias com as brasileiras de pequeno e médio portes
Após a vinda do Banco da China, em 2010, mais duas instituições manifestaram desejo de operar no Brasil
Dois anos depois de desbancar os EUA da posição de principal destino das exportações brasileiras, a China passa a mirar também o mercado financeiro nacional.
Com a vinda, em 2010, do Banco da China, um dos maiores do mundo, outras duas instituições manifestaram desejo de operar no Brasil --e aguardam autorização do Banco Central.
O Banco de Desenvolvimento, uma espécie de BNDES local, também quer expandir sua atuação aqui, segundo a Folha apurou.
Além disso, com dinheiro sobrando em casa, os chineses se tornaram parceiros ideais para bancos de pequeno e médio porte brasileiros, que precisam reforçar o capital.
Intermediador de negócios entre empresas nacionais e chinesas, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, diz ter em mãos um raio-X financeiro de duas instituições de pequeno porte que operam no Brasil e que estão interessadas em ter os chineses como sócios.
"Temos bancos chineses que ainda não estão no país e que podem firmar parcerias com os brasileiros", diz Tang.
Ele lembra ainda que o Fundo Soberano da China também veio para o Brasil em 2010 comprar uma parte do banco BTG Pactual. "A atuação chinesa na área financeira ainda é tímida porque os bancos não conhecem o Brasil", justifica Tang.
Mas ele diz que o interesse é crescente. "A Sany [empresa de máquinas e equipamentos para construção pesada, que já opera no país] quer criar aqui uma empresa de leasing para financiar a venda dos seus produtos."
Na avaliação do embaixador Sérgio Amaral, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, a vinda das instituições financeiras é uma evolução natural da relação entre os dois países. "Isso mostra que foi feita uma aposta estratégica no Brasil."
AQUISIÇÕES
"Os bancos chineses estão usando o excesso de liquidez da China. Eles usam recursos estratégicos para financiar as suas próprias empresas", diz Rubens Sawaya, professor e coordenador do curso de economia da PUC-SP.
A compra parcial de empresas é a porta de entrada preferida deles em mercados pouco conhecidos. Segundo dados do Conselho Empresarial, 46% dos recursos chineses investidos no Brasil em 2010 foram nessas compras.
Do restante, 21% foram para compra integral, 23% para construir instalações novas e 10% em parcerias locais.
Os negócios entre a China e o Brasil crescem em ritmo acelerado. "Em 2009, o total de investimentos aqui era reduzido: US$ 392 milhões", diz Tang. Em 2010, o Conselho Empresarial registrou o montante de US$ 12,7 bilhões em projetos confirmados.
Fonte> Folha de São Paulo/SHEILA D'AMORIM/FLÁVIA FOREQUE/DE BRASÍLIA
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