A BHP Billiton está prevendo um aumento de até 75% na demanda por algumas commodities - especialmente no segmento de energia - nos próximos 15 anos, ignorando as preocupações com o crescimento da China e insistindo que as perspectivas para a indústria mineradora são muito boas.
A economia da China deverá crescer mais de 7% no ano que vem, segundo disse ontem Jac Nasser, presidente do conselho de administração da BHP, na assembleia anual de acionistas da companhia. "Acreditamos que o governo chinês tem espaço para buscar reformas que suportem sua agenda de crescimento estável e de longo prazo", disse Nasser, que acrescentou: "O crescimento da demanda por energia deverá ser mais dramático que o crescimento da demanda por matérias-primas para a produção de aço".
As avaliações sobre o crescimento da economia chinesa, e daí a demanda por commodities, são cruciais para os destinos dos maiores grupos mineradores mundiais. A demanda chinesa respondeu por cerca de 30% da receita de US$ 66 bilhões obtida no ano passado pela BHP, o maior grupo de recursos naturais do mundo em valor de mercado.
A economia da China deu uma acelerada no terceiro trimestre e a demanda por algumas commodities se recuperou este ano, ajudando a amparar as receitas de grupos como a BHP, que fornece grande parte do minério de ferro e do cobre usados na produção de aço e em projetos de construção.
O diretor-presidente, Andrew Mackenzie, disse que a demanda por commodities vai crescer, "uma vez que na China milhões de pessoas estão deixando o campo em direção às cidades e a classe média em ascensão vem exigindo moradias melhores e bens de consumo como aparelhos de ar-condicionado, automóveis e alimentos de melhor qualidade".
A BHP está investindo cautelosamente em um enorme depósito de carbonato de potássio no Canadá, para poder responder à demanda crescente por alimentos e por consequência, de fertilizantes. Mackenzie disse que a demanda por carbonato de potássio para a melhora do rendimento das culturas agrícolas deverá crescer entre 2% e 3% ao ano até 2030.
Mas ele não disse se a BHP está totalmente comprometida com um grande aumento da produção de carbonato de potássio, afirmando que o investimento anual de US$ 800 milhões na construção do projeto Jansen - que corresponde a cerca de 5% dos investimentos anuais da BHP - é uma forma de "nos certificarmos de que estaremos prontos para aproveitar essa oportunidade para aumentar os retornos para os acionistas".
Mackenzie disse que a capacidade total de investimentos da BHP vai cair mais no ano que vem. Depois de criticados por acionistas pelos retornos fracos diante da intensificação dos investimentos na última década, os grupos mineradores globalizados estão se concentrando em tentativas de extrair mais dos ativos já existentes. "Nosso foco na produtividade está extraindo mais valor das operações que já temos", disse Mackenzie, que assumiu o comando da companhia em fevereiro, como parte de uma série de mudanças nas administrações dos maiores grupos mineradores do mundo, depois de grandes perdas contábeis que eles tiveram com alguns investimentos.
Fonte: Valor Econômico/James Wilson | Financial Times
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