O presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, afirmou que a empresa quer manter sua participação de mercado sem perder a rentabilidade. “Queremos rentabilidade e volume”, disse nesta terça-feira em teleconferência com analistas sobre o resultado do terceiro trimestre de 2019, divulgado na véspera.
Grisolia afirmou que, atualmente, a companhia tem uma rentabilidade em torno de R$ 70 por metro cúbico vendido. O objetivo, ao longo do tempo, é se aproximar dos concorrentes - que conseguem cerca de R$ 100 por metro cúbico.
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O diretor executivo financeiro e de relações com investidores, André Natal, destacou que o patamar de rentabilidade hoje é o que a companhia consegue entregar atualmente com segurança.
Grisolia afirmou que a expectativa da companhia é ter ao fim de 2021 uma rentabilidade maior que os principais concorrentes. “A BR Distribuidora tem condições de ser a mais competitiva, pela escala e logística”, disse.
Durante a teleconferência, o presidente da BR afirmou que a companhia enxerga o negócio “a partir do portão da refinaria”. A afirmação veio após uma pergunta sobre a possibilidade de a BR Distribuidora participar do processo de venda das refinarias da Petrobras. “A gente não é produtor”, afirmou Grisolia. “Refino é outra dinâmica, um negócio bem distinto. Vejo de verdade oportunidades importantes para a BR como distribuidora, com novos donos de refinaria no futuro”, acrescentou.
Grisolia ponderou que não é totalmente estranho ao mercado a existência de um produtor que atue também no mercado de distribuição. Ele citou a Raízen, que produz etanol e concorre com a BR na distribuição. Para ele, a partir do momento em que as refinarias hoje nas mãos da Petrobras estiverem em mãos privadas, não está descartado para a BR conseguir vantagens comparativas nas negociações, uma vez que a empresa é a maior compradora do mercado.
“Somos o maior cliente das refinarias por definição e não temos tratamento diferenciado por questões históricas válidas. A BR será sempre o maior ciente”, disse.
O diretor-executivo Natal destacou que não vê na BR a expertise necessária para criar valor “tocando business industrial”. “[O refino] É um animal bastante diferente”, resumiu. “Não temos apreço pela verticalização geográfica ou de linhas de negócios. [Temos] Plano muito pé no chão sobre a compreensão do negócio”, acrescentou.
Alavancagem
Natal afirmou que o patamar confortável de alavancagem da companhia, medido pela razão entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), é entre 1 vez e 1,5 vez.
No terceiro trimestre, com a queda de 45,4% da dívida líquida, para R$ 2,311 bilhões, a alavancagem recuou para 0,8 vez.
“O nível [de alavancagem] entre 1 vez e 1,5 vez deve ser mantido por alguns anos”, disse o diretor.
Ele afirmou também na teleconferência que ainda não há um valor exato estimado para a venda de imóveis da BR. O diretor destacou que há vários tipos de imóveis para possível venda e que a definição sobre como será o processo não será resolvida “em dois meses”.
Questionado por um analista se a venda desses imóveis poderia chegar a R$ 1 bilhão, Natal disse que poderia inclusive superar esse valor.
No balanço divulgado na véspera, a companhia revelou que foram mapeados todos os 668 imóveis pertencentes à empresa. Foi levantada a situação patrimonial, contratual, judicial e ambiental de cada um e agora será analisada a melhor forma de gerenciar esses ativos.
Para tanto, foi contratada uma empresa para reavaliação de todos os imóveis. “Há terrenos muito antigos, estamos fazendo a reavaliação de todos. Seguramente é uma base relevante”, disse Natal aos analistas.
O diretor explicou que a companhia tem um “número surpreendente de imóveis para quem não está no setor de ‘real state’”. “Não é a melhor alocação. Temos que alocar onde temos vantagem competitiva. Não é expertise da BR gerenciar uma carteira de imóveis desse tamanho”, ressaltou Natal, acrescentando que o objetivo é desmobilizar o maior número possível de imóveis.
Fonte: Valor