Mais uma vez, o Brasil está prestes a superar os Estados Unidos como o maior produtor de soja do mundo.
O Brasil, que já é o maior exportador da oleaginosa, deve colher cerca de 123 milhões de toneladas na temporada 2019-20, superando a colheita de seu rival, estimada em 112,9 milhões, segundo projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgadas na sexta-feira.
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Depois de uma safra recorde em 2018-19, a produção americana deve cair na próxima temporada diante da guerra comercial do país com a China, o que afeta as exportações e leva os agricultores a reduzirem o plantio. Para o Brasil, o USDA prevê um aumento na área plantada. A safra brasileira só superou a produção norte-americana uma vez, na temporada 2017-18, segundo o USDA, que começou a monitorar os dados em 1963.
O Brasil ultrapassou os EUA como o maior exportador de soja na safra 2012-13. A diferença de embarques entre os dois países aumentou ainda mais no ano passado, quando importadores chineses recorreram à soja brasileira diante da escalada da disputa tarifária entre Donald Trump e a China.
O relatório do USDA também destaca que a produção argentina de soja em 2018-19 deve ficar em 56 milhões de toneladas, acima dos 55 milhões de toneladas da previsão do mês anterior. Para a safra seguinte, o USDA prevê 53 milhões de toneladas devido à expectativa de menor produtividade.
Para o Brasil, a estimativa para a produção de soja na temporada 2018-19 ficou inalterada em 117 milhões de toneladas. Já para as exportações, a projeção caiu para 78,5 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior de 79,5 milhões de toneladas.
O relatório do USDA indica que a produção brasileira de milho na safra 18-19 deve somar 100 milhões de toneladas, comparados aos 96 milhões de toneladas estimados em abril. A estimativa para exportações do país foi elevada para 32 milhões de toneladas em relação aos 31 milhões de toneladas no relatório anterior.
No caso da Argentina, a projeção para a produção de milho subiu para 49 milhões de toneladas em 18-19, acima dos 47 milhões de toneladas da estimativa anterior. As exportações devem totalizar 31,5 milhões de toneladas, mais do que os 30,5 milhões de toneladas estimados em abril.
Em 2019-20, a produção brasileira de milho é estimada em 101 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina é projetada em 49 milhões.
Nos EUA, recuo com guerra comercial
Enquanto isso, nos Estados Unidos, os contratos futuros da soja em Chicago ampliaram perdas nesta segunda-feira, estabelecendo uma mínima de 10 anos, à medida que investidores foram desestimulados pelas crescentes tensões nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, que reduziram expectativas de uma retomada nos embarques da oleaginosa.
O milho e o trigo também recuaram em Chicago, conforme menores perspectivas de uma solução rápida para a batalha tarifária entre Washington e Pequim levaram a grandes perdas tanto nos mercados de grãos quanto nos mercados financeiros de uma forma geral.
Os mercados de grãos também permaneceram sob pressão do relatório de oferta e demanda divulgado na sexta-feira pelo USDA, que projetou ofertas domésticas acima do esperado para soja, milho e trigo.
Além disso, os preços ainda foram pressionados por previsões de um tempo menos chuvoso que o visto ultimamente nos EUA, o que pode ajudar agricultores a avançar em plantios atrasados.
"O relatório do USDA... somou-se à atmosfera sombria atual das commodities agrícolas, devido às infindáveis e tensas discussões comerciais entre EUA e China", disse a consultoria Agritel.
No início da tarde, o contrato mais ativo da soja em Chicago recuava 1,2%, para US$ 7,995 por bushel, sua mínima desde dezembro de 2008.
O milho perdia 0,14%, a US$ 3,5225 por bushel (medida de peso para mercadorias sólidas e secas), próximo à mínima de quase oito meses batida na sexta-feira, de US$ 3,455.
Já o trigo se recuperava e atingia uma alta de 2,18%, a US$ 4,34 por bushel, após ter atingido seu menor nível desde janeiro de 2018, a US$ 4,2125.
Fonte: O Globo