Equipamento será usado em previsões meteorológicas, monitoramento oceânico e identificação de vazamentos de petróleo
A Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Comisión Nacional de Actividades Espaciales (CONAE), na Argentina, retomaram o desenvolvimento conjunto do satélite Sabia-Mar, que fará o monitoramento do Oceano Atlântico nas proximidades dos dois países. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é o responsável pelo desenvolvimento tecnológico da parte brasileira do acordo.
A missão que envolve a construção do satélite começou em 1996, mas em 2000 foi suspensa por questões técnicas, econômicas e políticas. “A decisão para a retomada dessa missão foi tomada durante a visita ao Brasil da presidente da argentina, Cristina Kirchner, no final de 2007, quando foi estabelecido um novo mecanismo de integração envolvendo parcerias em várias áreas, incluindo cooperações na área espacial”, explica o coordenador de gestão tecnológica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Marco Antônio Chamon.
O Sabia-Mar será construído para observar a cor do oceano e, entre outras aplicações, apoiar a exploração petrolífera, monitorar as atividades de pesca nas zonas costeiras e analisar a influência dos oceanos na meteorologia. “O satélite está sendo projetado para medir a reflexão da radiação solar sobre os oceanos, que muda principalmente em função da quantidade dos fitoplânctons presentes na água”, explica.
O equipamento também poderá auxiliar, portanto, o monitoramento das mudanças climáticas, uma vez que boa parte da absorção ou captura de dióxido de carbono, explica Chamon, ocorre no oceano por conta da fotossíntese dos fitoplânctons. “Como o oceano influencia diretamente a meteorologia, uma segunda aplicação do satélite está na geração de informações para a atualização dos modelos de previsão de tempo do Inpe”, disse.
Segundo ele, além do monitoramento da concentração de cardumes nas costas dos dois países, outra aplicação será a identificação de eventuais vazamentos de petróleo. “Como o satélite será capaz de medir a coloração dos oceanos, qualquer vazamento de óleo no mar será facilmente captado pelas suas câmeras”, garante Chamon.
Os estudos para o desenvolvimento do Sabia-Mar já começaram e, num primeiro momento, esses experimentos deverão analisar os detalhes técnicos da câmera de imageamento que irá compor sua carga útil. No total, o projeto está orçado em US$ 200 milhões e esses valores serão divididos igualmente entre os dois países. A previsão é que o satélite, que deve pesar mais de uma tonelada, esteja pronto em 2016 e tenha uma vida útil de cinco anos em órbita.
Fonte: Valor Econômico/Thiago André, especial para o iG
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