Depois de ficar estável o fluxo comercial em 2014, Brasil e Tailândia focam o aumento nos negócios e nas receitas de cada lado. O país do Sudeste asiático é o mais agressivo, organizou uma missão com integrantes brasileiros e capricha em mostrar atrativos, como seu setor industrial. Autoridades locais querem dobrar em poucos anos a balança comercial bilateral, que foi de US$ 4 bilhões no ano passado e o embaixador tailandês no Brasil, Pitchayaphant Charnbhumidol, revela-se um entusiasta dos trunfos brasileiros. Charnbhumidol mostrou o mapa da economia do Brasil por regiões e destacou a produção de carne bovina no Rio Grande do Sul.
Do Estado, o embaixador tailandês frisou como diferenciais ainda infraestrutura e qualidade de mão de obra. Sobre a possibilidade de o Brasil exportar carne bovina ao seu país, Charnbhumidol citou que pode ser um item a mais na pauta, que é dominada por commodities. Para o Estado, também seria uma forma de inverter a queda nas vendas ao tigre do Sudeste asiático. Entre 2013 e 2014, as vendas à Tailândia caíram 44%, baixando de US$ 141 milhões para US$ 78,5 milhões. Em 2015, os embarques de trigo ajudaram a reaquecer o fluxo. A embaixada brasileira na Tailândia informou que encaminhou informações de questões internas, como regras sanitárias da Tailândia, ao setor privado nacional.
A mensagem no seminário internacional no dia 20 no hotel Sokosol, na área central de Bangkoc, foi bem clara: "Uma nova década para Brasil e Tailândia no comércio e investimentos privados". Para isso, o embaixador anfitrião ditou o ritmo. "Faremos isso passo a passo", afirmou Charnbhumidol, que provocou a plateia de interlocutores de empresas privadas do seu país a vislumbrar uma nova fronteira para negócios. Além do Brasil, tem a América do Sul. E o potencial está principalmente no tamanho do mercado consumidor, que soma mais de 200 milhões de pessoas somente no Brasil.
O diretor-geral de Assuntos Americanos e do Pacífico Sul do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Songsak Saicheua, destacou que as ações buscam conectar as duas regiões, distantes geograficamente, mas com semelhanças de base produtiva e estilo de vida. "Há potencial ascendente. O Brasil é um player global", reconheceu Saicheua. O embaixador do Brasil no país asiático, Gilberto de Moura, reforçou o ciclo de mudanças na área comercial. Tanto para a balança brasileira quanto para a tailandesa, os dois parceiros têm figuração de coadjuvantes.
As vendas não estão nem entre os 30 principais destinos para nenhum dos dois lados. Moura frizou que está sendo intensificada a aproximação e que teve reuniões com representantes da Embraer (aviões) e da BRF (alimentos) sobre planos para retomar e reforçar a presença na região. "É um trabalho de prospecção. A vinda de Goiás se soma a várias iniciativas", mostrou o diplomata. Goiás é o único estado na missão na Tailândia.
Sobre a queixa de tributação mais elevada do Brasil a pescados importados de companhias tailandesas (sardinha e atum), o embaixador brasileiro observou que o tema tem de ser tratado de perto e analisando as questões de cada lado. O colega tailandês que atua no Brasil propôs a redução gradativa das taxações, que dobraram para sardinha. A direção da Thai Union Frozen (TUF) avisou que só estudará eventual investimento no Brasil se acabar a diferença de alíquotas. A América do Sul representa 1% das vendas da TUF, e o Brasil teria o maior potencial. "Se tiver algum projeto, vamos brigar", disse o secretário de Indústria e Comércio de Goiás, William Leyser O'Dwyer.
O ex-secretário de Comércio Exterior do governo brasileiro (2007-2011) Welber Barral disse aos representantes do setor privado da Tailândia que é preciso ter foco, identificar potenciais e agir. Barral indicou o programa de concessões do governo Dilma como porta de ingresso de capital. O sócio da Barral MJorge mapeou escândalos políticos, baixa popularidade da presidente e desarranjos na política econômica, ao lado de elevada tributação e burocracia como obstáculos a transpor. O consultor destacou que o PL das Terceirizações, que tramita no Congresso Nacional, poderá ser um ponto favorável à atração de empresas da Tailândia.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)/Patrícia Comunello
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