São Paulo - Os negócios no Iraque vão girar pelos próximos cinco anos em torno da infraestrutura, com a construção de mais de dois milhões e meio de unidades habitacionais, criação de portos e rodovias, acesso a energia elétrica e saneamento básico, entre outros. A afirmação é do presidente da Câmara de Comércio do Iraque no Brasil, Jalal Jamil Dawood Chaya.
De acordo com ele, o primeiro passo do governo iraquiano foi relacionado a energia elétrica, no qual, a brasileira Odebrecht ganhou a licitação para a região norte do país e construiu quatro termoelétricas, possibilitando assim que 88% da região tivesse acesso a eletricidade.
"A Odebrecht por meio da sua filial no Estados Unidos ganhou junto com outras empresas [consórcio] a licitação para a região Norte do Iraque. Agora todo o resto do país está em licitação para o setor energético. Além disso, outros setores como portos, habitação e logística estão com processos de licitação abertos. Frente a isto, sabemos que grandes empresas brasileiras de construção civil já participam das licitações, porém uma das cláusulas é de sigilo, incluindo de participação no processo", declarou o presidente da Câmara.
O presidente do país, Jalal Talabani, declarou que o objetivo é de o Iraque ter energia em toda sua extensão em no máximo cinco anos, e que a sua infraestrutura esteja adequada no mesmo período, para com isso poder crescer e comercializar com outros países. "O governo iraquiano quer colocar a casa em ordem, estão reconstruindo o país. Com isso, todos terão melhores condições de vida, o comércio internacional será intensificado e o turismo poderá aumentar", disse Chaya.
A ministra de construção civil e habitação do Iraque, Bayan Mohammed Dizayee, veio ao Brasil e se reuniu com grandes empresas brasileiras para convidá-las a participar dos processos de infraestrutura do país.
"Tivemos algumas reuniões inclusive com a ministra de construção civil e habitação, para que as grandes empresas brasileiras de construção civil participem das obras para erguer 2 milhões e 500 mil unidades habitacionais. O mundo inteiro está concorrendo a esta licitação, mas os iraquianos confiam nos engenheiros brasileiros e querem uma parte construída por empresas nossas", disse Chaya. "O Brasil tem que participar de forma maciça na construção do Iraque, o presidente iraniano me disse e ele quer que até 2015 esteja tudo pronto, por isso os projetos já estão em andamento."
Compra e venda
Segundo Chaya os interesses do Brasil no país devem aumentar, visto que 98% do que é comercializado no Iraque é importado e a construção de portos e estradas irá elevar o comércio direto ao país e reduzir o comércio triangular (outros países compram e revendem) feito até hoje e que deixam mais caro o produto para o consumidor final.
No ano passado as exportações para o Iraque provenientes do Brasil somaram US$ 287,823 milhões, enquanto as exportações brasileiras vindas de países como Kwait e Emirados Árabes somaram US$ 455,210 milhões resultando nas exportações totais de US$ 743 milhões.
"A compra triangular acontece pois o Iraque não possui logística e infraestrutura adequadas para importações, fato que tende a diminuir de 10% a 15% já em 2011, com as novas propostas, enquanto as importações diretas vão crescer no mínimo mais US$ 250 milhões", disse Chaya.
O novo governo criou comissões para compra direta, e irá tirar os intermediários para facilitar a compra e baratear o produto. Assim os empresários brasileiros poderão negociar diretamente com os empresários iraquianos, tirando os atravessadores. "A produção do petróleo deve triplicar e com isso os investimentos devem crescer, tendo um crescimento expressivo nos próximos anos e ampliar assim, a infraestrutura", disse Chaya. Ele acrescentou: "construímos um centro de exposições brasileiro no Iraque, nossa primeira feira será no segundo semestre, e para conseguirmos inserir mais produtos brasileiros no mercado iraquiano pegamos uma lista com os 50 principais produtos exportados pelo Brasil e vamos apresentá-los lá. O primeiro passo é mostrar o que já fazemos e fazemos tão bem que ganhamos na concorrência mundial, depois vamos inserir produtos com menor inserção no mundo, mas que aqui tem demanda consumidora", explicou.
Dentre os setores que o Brasil já ganhou mercado está o açúcar. "A demanda é enorme e antes eles compravam de outros países, como da Índia e agora será comprado do Brasil, pela qualidade e preço. O setor de vestuário feminino também é uma das prioridades no comércio bilateral", concluiu.
Fonte:DCI/Karina Nappi
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