O Brasil já tem 22 projetos para geração de energia eólica em alto-mar em estudo, que somam uma capacidade instalada de 40 gigawatts (GW), segundo o superintendente adjunto de planejamento de geração de energia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Gustavo Pires.
Nesse contexto, é possível que o país avance no desenvolvimento de uma regulação para a fonte até o final do ano e realize, em breve, um leilão para projetos nesse segmento, na visão da presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Ganoum. O Brasil ainda não tem projetos do tipo.
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“O cenário atual é favorável para a realização de leilões para geração eólica em alto-mar, mas precisamos de um ambiente que seja amigável para os investidores. Temos grandes companhias globais que querem investir aqui”, disse Elbia, durante seminário on-line organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em parceria com o Consulado do Reino dos Países Baixos.
Nesse sentido, o presidente da Shell Brasil, André Araújo, destacou que a petroleira anglo-holandesa tem interesse em estar “bem posicionada” no desenvolvimento da geração eólica em alto-mar ao redor do mundo, em meio à transição para uma economia de baixa emissão de carbono. Ele lembrou que a companhia quer que o Brasil faça parte de seus esforços globais para a descarbonização.
“Recomendo que o Brasil comece a alinhar os interesses sobre o que quer para estes projetos, do ponto de vista dos desenvolvedores, do governo e da sociedade. As companhias vão se adaptar ao que a sociedade decidir”, afirmou Araújo.
A Shell já tem projetos de geração eólica em alto-mar no Mar do Norte. Araújo afirmou que a companhia tem optado por desenvolver projeto desta fonte em parcerias com outras empresas e pode contribuir com sua experiência no exterior nas discussões sobre a regulação para a fonte no Brasil.
Um dos projetos para geração de energia eólica em alto-mar em licenciamento no Ibama atualmente é o empreendimento Aracatu, da petroleira norueguesa Equinor. A companhia solicitou a licença ambiental para desenvolver um projeto de 4 GW de capacidade a cerca de 20 quilômetros da costa entre os Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
De acordo com a presidente da companhia no Brasil, Veronica Coelho, a geração de energia eólica em alto-mar tem vantagens como a maior constância dos ventos e o fato de não haver necessidade de competir pelo uso do solo.
No entanto, a executiva destacou que os investidores ainda precisam de mais clareza sobre a competitividade dos projetos de geração eólica no mar para desenvolvê-los no Brasil. “São necessárias, por exemplo, definições sobre as regulações de acesso às áreas para desenvolver os projetos e sobre a conexão à rede”, acrescentou.
Fonte: Valor