A multinacional americana Bunge anunciou ontem, por meio de comunicado, que encerrará as atividades de sua unidade de processamento de soja na cidade de Passo Fundo (RS). De acordo com a empresa, o motivo é a perda de competitividade dos derivados do esmagamento da commodity, como farelo e óleo, ante a venda da soja em grão.
Com o fechamento da planta, 40 dos 110 funcionários que atuam na unidade gaúcha serão demitidos. A empresa afirmou, entretanto, que manterá a armazenagem de grãos na cidade, além de atividades comerciais, administrativas e logísticas. "A Bunge continuará participando ativamente desse mercado, fornecendo farelo a seus clientes e comprando e movimentando grãos da região, e manterá suas demais unidades no Estado e na região Sul", informou em nota.
Segundo um corretor de grãos que atua na região de Passo Fundo, a unidade era muito antiga e tinha elevados custos de produção. "Por isso, eles podem ter optado por manter apenas a unidade de Rio Grande", afirmou.
Contudo, ele acredita que, por conta das distâncias, não será viável que a planta de Rio Grande atenda grandes frigoríficos localizados na região noroeste do Rio Grande do Sul e na Serra Gaúcha, assim como as unidades da JBS, da BRF e da Aurora - esta última no Estado de Santa Catarina. "A unidade da Bunge em Rio Grande só tem capacidade para atender a região de Porto Alegre e de Canguçu", afirmou.
O operador observou ainda que Passo Fundo é muito importante no mercado de negociação de soja em grão, e que o escritório da Bunge no município "deve tratar apenas de exportação".
Além da menor competitividade dos produtos derivados do esmagamento, a elevada capacidade ociosa das indústrias processadoras - não apenas no Rio Grande do Sul, mas também no restante do Brasil - é fator adicional de pressão nesse segmento, na avaliação de outro operador de grãos que atua no Rio Grande do Sul.
No ano passado, das 13,5 milhões de toneladas de soja colhidas no Rio Grande do Sul, foram exportadas mais de 8 milhões de toneladas e esmagadas apenas 5 milhões localmente, segundo essa fonte. A capacidade instalada de processamento de soja no Estado, contudo, é de 11 milhões de toneladas. "O ano não foi mesmo de margens positivas", disse.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pressinott e Mariana Caetano | De São Paulo
PUBLICIDADE