Ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli foi nomeado diretor-executivo corporativo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Seu nome foi aprovado pelo conselho de administração da empresa na tarde de ontem. O convite para o cargo, que acaba de ser criado, foi feito por Benjamin Steinbruch, presidente executivo e do conselho, além de principal acionista da CSN.
No novo cargo, Caffarelli será responsável pelas áreas de Finanças, Planejamento e Gestão, Recursos Humanos, Relações com Investidores, Jurídica e de Suprimento da companhia. Na prática, ele será o número 2 da siderúrgica, a quarta maior do país em volume de produção - atrás de ArcelorMittal, Gerdau e Usiminas. Todavia, está à frente da Usiminas em receita devido ao peso dos negócios de minério de ferro, logística e cimento.
Até janeiro, Caffarelli - que fez carreira no Banco do Brasil (BB), onde entrou como menor aprendiz - foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, cargo que vinha ocupando desde o início de 2014. No BB, trabalhou mais de 30 anos, tendo sido nomeado, em 2009, a vice-presidência de Negócios de Varejo do banco.
De 2011 a 2014, foi vice-presidente de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking e Mercado de Capitais do banco. Quando deixou a secretaria-executiva da Fazenda, esteve cotado para assumir tanto a presidência do BB quanto do BNDES.
Caffarelli tem 49 anos e é formado em Direito pela PUC do Paraná. Tem mestrado em Gestão e Economia de Negócios pela Universidade de Brasília, MBA em direito societário e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas do Rio e especialização em comércio exterior pelo IBEJ (Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos), de Curitiba.
O novo diretor-executivo da CSN, que se junta a um grupo de outros quatro diretores-executivos, chega à CSN em um dos momentos mais críticos da indústria siderúrgica e de minério de ferro. O mercado de aço no país enfrenta forte depressão com a desaceleração da economia local desde o início do ano passado. As vendas internas fecharam o ano passado com queda de quase 10%.
Além do mercado interno deprimido pela forte retração da produção industrial, a CSN e outras siderúrgicas sofrem com a entrada de aço importado, principalmente da China. Com o excesso de oferta no mundo, a queda dos preços internacionais, além de um câmbio desfavorável até o fim de 2014, as empresas locais perderam competitividade para exportar.
De janeiro para cá, com a disparada da cotação do dólar, a CSN e outras empresas do setor estão mais agressivas na exportação, principalmente para os EUA.
A siderúrgica de Steinbruch, que tem um estilo agressivo de gerir a empresa e cuja família é controladora dos negócios, também enfrenta um cenário difícil no mercado de minério de ferro. Os preços caíram 47% no ano passado e quase 20% neste ano. De US$ 135 a tonelada um ano atrás, a commodity vale hoje US$ 58.
Antes de ser convidado para trabalhar na CSN, Caffarelli recebeu várias sondagens do setor privado, entre elas, para presidir o São Paulo Futebol Clube.
A CSN não quis comentar a contratação do novo diretor. O Valor apurou que ontem à tarde todos os seus funcionários foram informados da chegada de Caffarelli.
Fonte: Valor Econômico/Cristiano Romero e Ivo Ribeiro | De São Paulo
PUBLICIDADE