A valorização do dólar em 11%, no segundo trimestre, deve impactar fortemente o balanço das siderúrgicas brasileiras, na avaliação de analistas do Credit Suisse, Bank of America Merrill Lynch e Ágora Corretora. As projeções indicam fracos desempenhos para a Usiminas e a CSN e uma melhora nos números da Gerdau, num cenário global ainda desfavorável à indústria do aço.
Hoje, logo após o fechamento dos mercados, serão divulgados os resultados da Usiminas. A média das projeções das três instituições consultadas pelo Valor, aponta para um prejuízo de R$ 450 milhões no balanço da siderúrgica mineira. A empresa registrou perda de R$ 71 milhões nos três primeiros meses deste ano. No mesmo período de 2011, a companhia lucrou R$ 112 milhões.
Apesar de ter crescido no volume de vendas para 1,7 milhão de toneladas, das quais 1,2 milhão para o mercado doméstico, a Usiminas ainda arca com alto custo de estocagem de produtos que começam agora a ser desovados.
O Ebitda da companhia é projetado em R$ 195 milhões na média dos bancos, crescendo 2,63% ante o primeiro trimestre, mas caindo 46,5% ante abril/junho de 2012. A margem Ebitda da Usiminas pode ficar entre 5% e 6%, considerada muito baixa. Os custos da empresa, segundo Aloisio Lemos, da Ágora, também deverão sofrer pressão do câmbio, já que 49% dos custos de produção estão relacionados ao carvão (importado) e ao minério de ferro.
A CSN pode ser a surpresa negativa do segundo trimestre. Nas estimativas da Ágora e do Credit Suisse, a expectativa é de um resultado para a companhia no vermelho. O prejuízo pode variar de R$ 803 milhões, nos cálculos do Credit Suisse, ao valor de R$ 651 milhões nas prévias da Àgora. O Bofa Merrill Lynch trabalha com a previsão de um lucro líquido de R$ 218 milhões para a companhia de Benjamin Steinbruch, 135% maior que os R$ 93 milhões alcançados no primeiro trimestre, mas 81% abaixo dos R$ 1,1 bilhão do mesmo período de 2011.
Os analistas do banco suíço, Ivano Westin, Viccenzo Paternostro e Marina Melemendjian, atribuem a sua projeção de prejuízo para a CSN ao impacto de dois fatores nas contas da empresa: um menor volume de vendas de minério de ferro no periodo, de 5,9 milhões de toneladas, ante as 6,7 milhões de toneladas no primeiro trimestre, influenciando o resultado operacional da companhia. Outro fator se refere ao resultado financeiro negativo de R$ 1,7 bilhão, dos quais R$ 1,2 bilhão pode ter sido causado pelo impacto cambial contábil sobre a dívida em dólar da empresa, estimada em R$ 10,1 bilhões no primeiro trimestre.
Na média das projeções a receita da siderúrgica é esperada em R$ 3,9 bilhões, 14,2% maior ante o primeiro trimestre, mas menor 8,3% quando comparado com o segundo trimestre de 2011. O Ebitda da CSN é previsto na média em R$ 1,1 bilhão, mais 1,10% ante o primeiro trimestre e queda de 55,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O grupo Gerdau apresenta balanço na quarta-feira. O Bofa Merrill Lynch projeta lucro de R$ 454 milhões para o grupo gaúcho e o Credit Suisse, de R$ 456 milhões. A Ágora Corretora, porém, trabalha com um prejuízo de R$ 172 milhões devido a efeitos cambiais. O lucro no primeiro trimestre de 2012 foi de R$ 369 milhões e, no segundo de 2011, de R$ 469 milhões. O Ebitda da Gerdau é previsto na média em R$ 1,2 bilhão, alta de 22% sobre o primeiro trimestre do ano e queda de 2,2% ante o segundo de 2011, um resultado sólido para a Gerdau.
Fonte: Valor Econômico / Vera Saavedra Durão
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