O Ceará descobriu o Oriente Médio e a Oceania. Estes dois blocos econômicos apresentaram os maiores crescimentos nas exportações do Estado: 64,8% e 40,5%, respectivamente.
O primeiro recebeu US$ 7,7 milhões em produtos cearenses no primeiro trimestre deste ano, elevando sua participação de 1,5% em igual período do ano passado para os atuais 2,4%. O principais mercados neste bloco são Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes.
A Oceania, com destaque para Austrália e Nova Zelândia, negociou US$ 1,2 milhão, ampliando sua fatia nas vendas externas do Estado de 0,3% para 0,4%.
Os dados são do estudo Ceará em Comex, divulgado ontem e elaborado pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), órgão ligado a Fiec (Federação das Indústrias do Estado).
O superintendente do CIN Eduardo Bezerra explica que estes incrementos fazem parte do esforço em diversificar os mercados para vendas de produtos do Estado. Em tempos de crise na Europa e Estados Unidos, a estratégia tem mantido as exportações do Estado no patamar de US$ 100 milhões ao mês.
As exportações no último mês cresceram 5,94% ante fevereiro, registrando US$ 109 milhões. Frente a março do ano anterior, houve acréscimo de 6,85%.
De janeiro a março, as vendas do Estado para o mercado externo cresceram 4,10%, somando USS 328,8 milhões, frente ao primeiro trimestre de 2011.
Além dos novos mercados, a União Europeia e o Nafta continuam como blocos líderes nas exportações do Ceará. A União Europeia desembolsou US$ 104,2 milhões no trimestre, uma participação de 31,7% e crescimento de 7,4%. O Nafta (Estados Unidos, México e Canadá) comprou US$ 99 milhões em produtos do Estado, o que representa uma fatia de 30,1% e incremento de 7,3%, frente ao primeiro trimestre do ano passado.
A Ásia levou US$ 39,1 milhões em itens cearenses, representando 11,9% das exportações do Estado e um aumento de 12,1%. Segundo Eduardo Bezerra, a União Europeia e o Nafta devem seguir como principais mercados para as vendas internacionais do Ceará "por muito tempo para serem superados pela China, que não vai devorar o mundo no curto prazo".
América Latina em queda
Já a América Latina registrou queda na participação das exportações do Estado. O Mercosul (US$ 33,3 milhões) caiu 11%.
O Mercado Comum Centro Americano (US$ 2,1 milhões) recuou 15,2%. A Comunidade Andina (US$ 10,6 milhões) perdeu 15,3%. O bloco formado pelas ilhas do Caribe Caricom (US$ 957,7 mil) minguou 3,3%.
Avaliação
Para o superintendente do CIN, no caso do Mercosul, a relação com a Argentina é conjuntural. "Não é uma situação sistêmica. Como outros países têm preços melhores, o Ceará deixa de vender para a Argentina", explica.
Dentre os países-destino, destaca-se ainda a Hungria com negócios que somam US$ 8,9 milhões no trimestre, crescimento de 1.109,1%, devido as exportações de couros /peles.
Importações
Na hora de comprar no mercado externo, o Ceará também está diversificando seus vendedores. A China segue na liderança dos maiores países que vendem para o Ceará, posição tradicionalmente ocupada pelos Estados Unidos. Os norte-americanos, no entanto, caíram para quarto lugar no comércio internacional do Estado. O país asiático enviou US$ 135,3 milhões em produtos para o Ceará, no trimestre, uma participação de 22,3% e um incremento de 101,2%.
Os dois países enviam, principalmente, laminados de ferro/aço ao Ceará.
Em segundo lugar, está a Itália (US$ 75,7 milhões, participação de 12,5% e alta de 241,6%) de onde vem eletrogeradores de energia eólica.
A Argentina, em terceira posição, enviou US$ 64,6 milhões no trimestre (uma fatia de 10,6% e alta de 13,3%).
Estados Unidos negociaram US$ 48,2 milhões (participação de 7,9% e recuo de 39,6%).
Em quinto, a Turquia (US$ 47 milhões) com aumento de 193,8% ao enviar barras de ferro/aço, seguida pela Nigéria (US$ 28,322 milhões) com a venda de gás natural liquefeito. Este produto também vem do Catar, em sétimo na pauta de importações.
Em 13º, a Austrália negocia US$ 11,7 milhões com o Estado, um incremento de 1.720,8% com remessas de laminados de ferro/aço e inseticidas e seus componentes.
Dentre os 10 principais produtos importados pelo Ceará no primeiro trimestre, quatro são laminados de ferro/aço, fazendo com que o setor seja o principal importado pelo Estado.
Maior fatia
135 milhões de dólares é a soma das importações do Ceará vindas da China no primeiro trimestre, um crescimento de 101,2%
Comissão do Senado aprova alíquota única na importação
Brasília. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou ontem, por 20 votos a favor e seis contra, a proposta de resolução 72/11, que unifica em 4% a alíquota do Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrada sobre produtos importados em operações interestaduais.
Os senadores também aprovaram um requerimento de urgência para votação da proposta no plenário do Senado, o que deve ocorrer hoje, segundo o líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Se aprovada no plenário do Senado, a proposta seguirá para votação na Câmara. Segundo a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a nova regra passaria a vigorar a partir de janeiro de 2013.
Fim da guerra
O objetivo da proposta é acabar com a chamada "guerra dos portos" nas operações interestaduais com produtos importados. Atualmente, cada estado fixa a própria alíquota. Alguns reduzem a alíquota do ICMS para atrair para seus portos maior volume de produtos importados.
A alíquota única de 4% foi apresentada à Comissão de Assuntos Econômicos na semana passada, por meio de um substitutivo do relator da proposta e líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM). Antes, a proposta já havia passado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
ICMS unificado
O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou ontem que o governo oferecerá financiamento de 7% ao ano, pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), aos Estados que usam o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na importação. A ideia é compensar a uniformização da alíquota do imposto a partir de 2013, aprovado hoje na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.
Os Estados mais prejudicados pela mudança pedem uma transição gradual. "Para permitir que esses estados façam uma transição, o governo está oferecendo recursos, principalmente financeiros, a taxas de juros baixas, de modo que não terão dificuldade de ter recursos para novas atividades econômicas no lugar dessas que estão praticando", disse Mantega.
A sugestão, segundo o ministro, é que Estados como Espírito Santo, Santa Catarina e Goiás, sejam estimulados a investir em infraestrutura, barateando o custo de produção.
"Alguns desses Estados têm bancos de desenvolvimento estaduais. Poderão usar esses bancos para financiar as empresas, reduzir o custo financeiro e estimulá-las a produzir no local, a migrarem para a atividade produtiva, e não realizarem uma mera importação".
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CAROL DE CASTRO
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