Número de empresas exportadoras no Estado cresceu 7,5% em 2009, em relação ao ano anterior
Após sofrer com os abalos impelidos pela crise financeira mundial em 2008, o setor de exportação cearense mostrou recuperação em 2009, ano em que os efeitos do fenômeno econômico ainda reverberavam pelo País.
Prova da evolução é o crescimento de 7,5% no número de empresas exportadoras no Estado entre 2008 e o ano passado. 344 empresas fecharam 2009 negociando mercadorias com o exterior contra apenas 320 em 2008. Os dados fazem parte da Análise das Empresas Exportadoras e Importadoras do Ceará, estudo elaborado pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), ligado à Fiec/CE (Federação das Indústrias do Estado).
De acordo com o superintendente do CIN, Eduardo Bezerra, os números são positivos e reforçam o caráter exportador do Ceará. "Nosso Estado é responsável por 2,5% da formação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e por 1% de todas as exportações nacionais", afirma o dirigente. "E, como mostra o estudo, houve um crescimento de 7% nas novas exportadoras, portanto, nosso esforço de exportação é superior à participação do Estado nessa fatia. Isso indica crescimento".
O levantamento do CIN constatou que 108 empresas que comercializaram produtos com outros países deixaram de exportar em 2009. Conforme Bezerra, o fato foi desencadeado pelos severos efeitos da crise mundial, que enfraqueceu a economia de muitos compradores.
No entanto, o especialista pondera, afirmando que uma queda no número de exportadoras não é, necessariamente, algo preocupante. "O que ocorreu em 2008 provou que tínhamos um mercado interno fortalecido. Perdemos compradores internacionais, mas tínhamos a quem vender em nosso território. O que interessa à empresa é faturar, seja em euro, dólar ou real", analisa Bezerra.
Um exemplo, segundo ele, é a venda de produtos de frenagem automobilística, que reduziu as exportações, mas teve aumento nas vendas nacionais. Para compensar as 108 empresas que deixaram de exportar, 138 debutaram nessa forma de negociação em 2009.
Faturamento
Os dados do CIN demonstram que 75% das empresas faturam até US$ 1 milhão com as atividades exportadoras. 17% delas obtêm um faturamento entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões, 6% ficam no patamar de US$ 10 milhões a US$ 50 milhões e apenas 1% consegue exportar mais de US$ 50 milhões. Para o superintendente do CIN, a maioria das empresas deve se manter no nível de faturamento de US$ 1 milhão, que só deverá ser superado com o início das operações de aguardados empreendimentos no Estado. "Quando nós tivermos a usina siderúrgica operando, a tendência é de que dobre essa quantia. Com uma refinaria, podemos dizer que quadruplicaríamos essas cifras".
Em relação ao total de exportações para 2010, Bezerra projeta US$ 1,2 bilhão, se, no segundo semestre, a crise europeia arrefecer. Caso contrário, o desempenho cearense deverá ficar no patamar de US$ 1,1 bilhão.
Entre os municípios que atuam no comércio externo, Fortaleza lidera, com 187 empresas (54%), seguida por Maracanaú (21) e Caucaia (14). Os números podem ser explicados por questões burocráticas. "Uma empresa pode produzir melão em Jaguaruana, mas seu escritório é em Fortaleza. E a fatura sai de onde estiver o escritório. Não se pode dizer que o Interior exporta pouco por isso".
DE LÁ PARA CÁ
Importação cresce com 190 empresas
Em 2009, 190 empresas cearenses passaram a comprar mercadorias do exterior. Com a chegada delas, o grupo de importadores locais ficou com 532 membros no fim do ano passado.
O setor que mais importa, conforme o CIN/Fiec, é o de metalmecânico, com 49 empresas (12%) que recorrem ao mercado externo para se abastecerem. Os setores têxtil (9,3%) e de alimentos (8,1%) são outros destaques. Para Eduardo Bezerra, o Estado está em um nível interessante de importações, trazendo de fora apenas produtos fundamentais ao desenvolvimento cearense.
"Nossas importações são muito pequenas relativamente aos valores brasileiros. O Ceará não importa nenhum produto supérfluo. Tudo que é importado é produto indispensável de consumo; material para a instalação dos parques eólicos, que gera receita mais adiante; máquinas mais modernas que aumentam a produtivas das fábricas. Ou seja, só importações que possuem um reflexo futuro na geração de renda do Estado", comenta Eduardo Bezerra.
De acordo com a pesquisa do CIN, 78% das empresas compram de outros países gastando menos de US$ 1 milhão por ano. Apenas seis empresas importam o equivalente a mais de US$ 50 milhões de dólares. Têxtil, alimentos e metal-mecânico são os setores que mais importam na faixa de US$ 1 a 10 milhões, representados por 13, 10 e 10 empresas, respectivamente. Sete empresas do setor de castanha de caju dominam a faixa de valor entre US$ 10 e US$ 50 milhões.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/VICTOR XIMENES
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