A deterioração do crescimento da economico global provocou novo rebaixamento na expansão do comércio internacional neste ano, e as perspectivas tampouco parecem melhores para 2013.
Na sexta-feira, a Organização Mundial do Comércio (OMC) baixou de 3,7% para 2,5% a estimativa de crescimento em volume das exportações e importações internacionais para este ano.
Mas as transações comerciais de agosto sugerem que a expansão continuará quase nula para o resto do ano. E a consultoria Capital Economics, de Londres, foi uma das primeiras a considerar a OMC otimista e estimar que o comércio mundial em volume não crescerá mais de 2% em 2012. Ou seja, o comércio mundial provavelmente vai crescer menos do que o PIB global neste ano. Se isso se confirmar, "será pelo menos temporariamente uma reversão no processo de globalização que viu o comércio crescer mais que o PIB nas ultimas décadas", como diz Andrew Kenningham, economista-sênior da consultoria britânica.
Essa reversão "pode ser causada pela relutância dos bancos europeus de fornecer 'trade finance' [o oxigênio das trocas internacionais] ou talvez pelos temores de fragmentação da zona do euro", acrescenta.
A queda será forte, comparada a 5,8% em 2011 e 13,9% em 2010. Para este ano, no lado das exportações, a OMC antecipa aumento de apenas 1,5% no conjunto das economias desenvolvidas, comparado a 2% anteriormente. As exportações de nações em desenvolvimento podem crescer apenas 3,5% ante os 5,6% previstos antes. No lado das importações, espera-se estagnação no caso dos desenvolvidos, comparada ao 1,9% que era previsto antes, e aos mais robustos 5,4% nos países em desenvolvimento (em baixa, comparados a 6,2%).
Dados publicados pelo Centro de Analise Econômica da Holanda (CPB), que são acompanhados atentamente nos meios comerciais, mostram recuo de 0,2% nas exportações globais em julho, seguindo declínio de 1,5% em junho em volume. Em valor, a queda foi de 0,7%, comparada à baixa de 1,9% em junho.
Agosto foi o primeiro mês desde 2009 no qual o volume de cargas nos portos da China, maior exportador mundial, retrocedeu na comparação por trimestre. As exportações declinaram também no Japão, pelo quarto mês consecutivo, e em emergentes de peso como o Brasil.
O item de novas encomendas, que compõe o PMI (índice dos gerentes de compras) industrial global, cresceu ligeiramente em agosto, mas continua ainda em nível historicamente baixo, apontado para declínio no comércio internacional. Para setembro, o PMI para os Estados Unidos indica que as novas encomendas de exportações diminuíram no país. Os dados são consistentes também com queda nas vendas externas pela União Europeia e China.
A OMC e analistas concordam que o essencial da degradação nas trocas globais é provocado pela fragilidade da zona do euro, que representa quase 35% do comércio internacional levando em conta tambem o intracomércio (entre seus 17 países-membros). As importações da zona do euro declinaram 3,5% em termos anualizados, em julho.
Para certos analistas, a degradação do comércio mundial ilustra como, indiferentes a recentes anúncios na área monetária, as condições econômicas reais continuam frágeis.
Para 2013, a OMC projeta expansão do comércio mundial em 4,5%, comparada a 5,6% projetados em abril. Leva em conta alguns desenvolvimentos econômicos, como o de que as atuais medidas na zona do euro serão suficientes para evitar a quebra da união monetária, e que nos EUA as forças políticas alcancem acordo para evitar corte automático bilionários de despesas e aumento de impostos no começo do ano.
Fonte: Valor Econômico / Assis Moreira
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