O departamento de estatística da China disse que autoridades provinciais obrigaram alguns hotéis, mineradoras de carvão e produtoras de alumínio a divulgar números falsos. A revelação chama a atenção para os problemas na área de dados que assolam a segunda maior economia mundial.
Autoridades do departamento de estatística da cidade de Hejin, na província de Shanxi, no norte do país, encaminharam às empresas números "gravemente pouco verdadeiros", referentes a 2011, a serem apresentados, informou o Departamento Nacional de Estatística, sediado em Pequim, em comunicado postado em seu site no dia 12.
O comunicado de ontem e as discrepâncias entre as cifras do Produto Interno Bruto (PIB) nacionais e provinciais indica a magnitude da tarefa a ser enfrentada pelas autoridades na tentativa de reforçar a confiança no sistema estatístico. Até o momento, estão entre as providências nesse sentido sanções ao vazamento de números de influência determinante sobre o mercado e a exigência de transmissão direta online de dados pelas empresas, a fim de restringir a oportunidade de autoridades provinciais maquiarem os números.
"O departamento nacional está demonstrando sua determinação de melhorar a precisão dos dados do país, mas ainda tem muito a fazer", disse Lu Ting, economista, lotado em Hong Kong, do Bank of America. De modo geral, os dados de nível nacional do departamento são "mais confiáveis", enquanto os números provinciais "exigem maior atenção".
O departamento conclamou as regiões, departamentos e pessoas físicas a aprenderem a lição representada pelo caso de Hejin, sem comentar sobre a frequência de incidentes desse tipo. Também instou as autoridades da área de estatística a não infringir leis e normas.
As várias etapas do sistema de coleta de dados aumentaram as imprecisões e discrepâncias. Em 2011, os 31 governos chineses de nível provincial divulgaram um PIB conjunto de 51,8 trilhões de yuans (US$ 8,2 trilhões), 4,6 trilhões de yuans superior à cifra nacional calculada pelo departamento de estatística, informou em fevereiro o jornal estatal "Economic Daily".
O departamento começou no mês passado a usar um sistema único para coletar diretamente dados referentes à produção, vendas do varejo e investimentos de 700 mil empresas, a fim de elevar a precisão e reduzir a manipulação, disse o diretor da agência, Ma Jiantang, em 14 de fevereiro. Qualquer adulteração ou falsificação receberá um tratamento "severo", disse Ma.
A NBS notificou o governo de Hejin das irregularidades e as autoridades responsáveis estão sendo "devidamente abordadas", segundo comunicado do dia 12. Em outro comunicado datado de 21 de fevereiro o departamento disse que autoridades do distrito de Yongchuan, em Chongqing, tinham interferido na divulgação dos dados das empresas em novembro.
No ano passado a China prendeu duas autoridades pelo vazamento de dados econômicos confidenciais, na sanção mais rumorosa à divulgação seletiva ligada ao uso de informações privilegiadas.
O pesquisador Wu Chaoming, do Banco do Povo da China (o BC), foi condenado a seis anos de detenção por revelar propositadamente informações secretas a quinze pessoas do setor de valores mobiliários, disse em outubro o promotor público Li Zhongcheng. Sun Zhen, ex-secretário do departamento de estatística do país e indiciado por crime semelhante, recebeu pena de cinco anos.
O governo iniciou os esforços públicos para combater o desafio dos vazamentos em abril do ano passado, e em julho antecipou as datas de divulgação mensais de alguns dados a fim de reduzir a possibilidade de liberação antecipada. Algumas das pessoas que abriram informações receberam cachês de palestra "consideráveis" por falar a corretoras de valores mobiliários, enquanto outras negociaram ações para auferir lucros, disse Du Yongsheng, porta-voz do Departamento Nacional de Proteção de Segredos de Estado.
Fonte: Valor Econômico/Por Bloomberg News
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