A China ofereceu à Bolívia um financiamento de US$ 15 bilhões para explorar parte da jazida de ferro de Mutún, localizada na fronteira com o Brasil. Os recursos seriam empregados na metade da jazida que pertence ao Estado boliviano. A outra metade da reserva foi concedida em 2007 à mineradora indiana Jindal, que ainda não começou a operar por conta de desavenças com La Paz.
Segundo o presidente da estatal Empresa Siderúrgica del Mutún (ESM), Sergio Alandia, o empréstimo viria do Banco de Desenvolvimento da China. Ele disse que Pequim também considera a possibilidade se tornar sócia em uma futura empresa mista que seria criada para explorar a reserva. A empresa chinesa Chung Hsing Mining seria a parceira da Bolívia.
Foto Destaque
As declarações de Alandia foram publicadas na edição de ontem do jornal boliviano "La Razón" e foram feitas numa reunião ocorrida na sexta-feira com membros do legislativo de Santa Cruz, Estado onde está a reserva de Mutún.
O executivo boliviano afirmou, segundo o jornal, que a Chung Hsing está disposta a participar de um eventual projeto na Bolívia, mas somente se estudos de prospecção confirmarem as estimativas de que há na área de Mutún tem uma quantidade e um tipo de minério que valha o investimento.
Se o resultado for positivo, disse Alandia, segundo o jornal, "o Banco de Desenvolvimento da República Popular da China nos dá US$ 15 bilhões para tudo o que queiramos: linha de trem, planta de eletricidade, [infraestrutura em] Puerto Busch, tudo o que necessitemos para lá". E acrescentou: "Se os estudos pagos por eles não mostrarem um mineral interessante, encerramos as conversas".
Puerto Busch é o porto fluvial que precisa ser ampliado para servir de ponto de escoamento da produção de Mutún pela hidrovia do rios Paraguay-Paraná.
O jornal diz que 40% de um eventual investimento chinês poderia ser pago pela Bolívia em dinheiro e 60%, em ferro. Maior comprador mundial de minério de ferro do mundo, a China tem frequentes disputas com as grandes mineradoras em razão dos preços da commoditie. Caso venha a investir em Mutún, o governo chinês teria acesso direto a uma das maiores reservas do minério do mundo.
Segundo o US Geological Survey deste ano, Mutún tem reservas estimadas de minério de ferro de 4 bilhões de toneladas. A jazida brasileira de Casa de Pedra, em Minas Gerais, tem 3,5 bilhões de toneladas. Carajás, no Pará, tem 16 bilhões de toneladas.
O presidente da estatal boliviana disse também que, além da China, outras empresas estrangeiras já se disseram interessadas em formar investir na metade de Mutún controlada pelo Estado: entre elas a coreana Hyundai, uma empresa japonesa e outra russa, cujos nomes Alandia não revelou. Inicialmente, a brasileira MMX queria participar da licitação, mas ficou fora do páreo.
O governo Morales tem feito críticas à Jindal por ela não ter começado a fazer os investimentos prometidos. Em abril, o governo executou garantias de US$ 18 milhões por causa do atraso nos investimentos. O plano da empresa indiana é investir US$ 2,1 bilhões na sua parte de Mutún. Mas reclama que o governo não cumpriu totalmente sua parte e ainda não legalizou o uso de parte das terras da jazida que a empresa diz precisar para dar início aos trabalhos.
Fonte: Valor Econômico/ Marcos de Moura e Souza, de São Paulo
PUBLICIDADE