A favor de medidas protecionistas para auxiliar a indústria cearense na "briga" contra os produtos chineses e no mercado internacional, a nova presidente do Centro Industrial de Negócios (CIC), Nicolle Barbosa, assume, hoje, o mandato 2012-2014, reconhecendo o mau momento que é vivido pelo setor no Estado e no País. Ela anuncia, ainda, como meta de gestão, a união de todo o setor produtivo do Ceará como forma de combater as dificuldades.
"Entendemos que a indústria tem seus problemas, o comércio tem seus problemas, mas o problema de um, às vezes, acaba sendo o de outro. Então, queremos essa reunião para que a gente sente, discuta e ache soluções coletivas", pondera.
Mesmo falando em retomar a postura política do CIC com o governo e a sociedade, Nicolle não revelou nenhuma estratégia mais ofensiva para combater as baixas em produção e contratação de pessoal contabilizadas por alguns segmentos industriais cearenses no ano passado.
Ela afirma também que a reunião com os sindicatos não foi feita, mas, depois de realizá-la, garante: "Incentivos vão ser buscados onde precisam ser buscados, se for no governo, vamos ao governo, se for na Prefeitura, vamos a Prefeitura".
Concorrência e juros
Sobre as questões cruciais para a indústria cearense, como por exemplo os juros, a presidente do CIC diz confiar no Executivo, "porque nas horas necessárias ele tem tomado as medidas pontuais para solucionar os problemas", comenta.
Já o primeiro vice-presidente do CIC e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado (Simec), Ricard Pereira, acredita no corporativismo como meio para conseguir competir no mercado internacional.
Vindo de um setor com potencial de crescimento acentuado no Ceará, ele defende a união entre indústrias em alta e em dificuldades para "se discutir e chegar a um termo final e dizer: é isso que o CIC discutiu e é esse o caminho a ser tomado". "Para isso, devemos buscar apoio suficiente do governo para algum tipo de barreira", acrescentou.
Montando estratégia
No que tange à gestão, a nova presidente criou cinco diretorias: Comunicação, Integração, Institucional, Jurídica e uma especial da Copa de 2014, além de uma ouvidoria para o CIC.
A última delas, segundo contou, atuará aproximando o órgão dos projetos para o evento mundial. "Entendemos que é um assunto muito pertinente e está aí para ser discutido, pois vai trazer vários equipamentos que precisamos discutir e garantir o legado", fala. Porém, é sobre a nova diretoria Institucional que cairá a maior responsabilidade do grupo, segundo relata Nicolle, que é o contato com Estado, prefeituras e demais setores envolvidos na produção industrial cearense.
"O setor produtivo quer ser um órgão que não só fomente as alternativas públicas de gestão, mas quer seja atuante. Queremos poder discutir de forma mais contundente com o governo, sindicatos, sociedade e universidade os rumos que a gente quer para o Ceará", argumenta o encarregado da diretoria, Fernando Rocha.
CSP está mais próxima do setor metalmecânico do CE
A aproximação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) com o setor metalmecânico cearense tornou-se concreta em 2012, a partir do trabalho que os consultores da CSP farão, realizando o planejamento estratégico do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec) para os próximos três anos. O estudo, que partiu da Confederação Nacional da Indústria (CNI), passou para as mãos dos novos parceiros por iniciativa deles, segundo contou, ontem, o presidente do Simec, Ricard Pereira.
De acordo com ele, a empresa contratada pela joint venture formada pelas coreanas Dongkuk e Posco e a brasileira Vale é a DVF Consultoria, do Espírito Santo. "A DVF está com o trabalho de fazer uma radiografia do Ceará, que vai lançar para a Coreia o que é o nosso Estado, e isso vai ser muito bom, pois vai ser vendido mais que uma imagem industrial, mas a do Estado como um todo", ressaltou.
Com isso, o reconhecimento do território cearense se daria no fornecimento de materiais e serviços para a CSP - "Ela quer comprar tudo que for possível dentro do Estado", afirmou. Ricard adiantou a surpresa dos consultores ao conferir o potencial do setor metalmecânico cearense, "o qual abriga a maior fabricante de fogões do País, autopeças", ou seja, entrega o produto final para o mercado consumir.
Outro ponto mencionado pelo presidente do Simec é a exigência de melhorias nas condições da indústria do Ceará. Para isso, ele contou de trabalhos de capacitação de mão de obra e melhorias na produção que vêm sendo feitas desde 2010. Até agora, Sobral, a região do Cariri e do Vale do Jaguaribe foram visitadas pelos consultores.
Fortalecimento
"Eles (da CSP) tem um contato forte com o segmento aqui e vamos fazer (o planejamento) com eles porque, se vc for ver a realidade, essa siderúrgica e a laminadora direcionam totalmente o setor", ressaltou, mencionando ainda o empreendimento do grupo espanhol Añon, o qual também mira o Estado.
Ricard frisa a importância dos dois empreendimentos para alavancar e tornar verdadeira a expectativa de crescimento das indústrias metalmecânicas. Só a CSP, na análise dele, criaria incremento no PIB do Estado e maior movimentação no Porto do Pecém. Mas a matéria prima, que são as chapas de aço produzidas pela laminadora a partir dos blocos fornecidos pela siderúrgica, é a mais desejada pelos industriais do segmento.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA
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