Cimpor: rejeição unânime à oferta hostil da CSN
Os acionistas da fabricante de cimento portuguesa Cimpor rejeitaram nesta quinta-feira, por unanimidade, a oferta de compra feita pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no último dia 18. Após reunião, o conselho de administração da companhia informou que a oferta "subavalia significativamente a empresa". Segundo comunicado enviado ao mercado, o conselho de administração considera a oferta "oportunista, irrelevante e perturbadora da atividade da empresa".
A CSN ofereceu 3,86 bilhões de euros pela Cimpor, equivalente a US$ 5,5 bilhões. O conselho da empresa portuguesa recomendou que seus acionistas não vendam suas ações porque a CSN não oferece um prêmio aos seus acionistas. "A Cimpor tem uma comprovada história de sucesso empresarial e está fortemente empenhada em prosseguir a sua estratégia de criação de valor para os acionistas", informou.
De acordo com o comunicado da Cimpor, o sucesso da oferta da CSN comprometeria o desenvolvimento futuro da empresa. A fabricante de cimento informou ainda que a documentação apresentada pela CSN na oferta hostil é "incompleta e imprecisa, omite informação legalmente exigida, não cumpre os requisitos legais quanto à qualidade da informação, é obscura em todos os aspectos financeiros e, assim, impossibilita o conselho de administração de adotar uma posição esclarecedora sobre alguns dos termos da oferta".
apreensão. A oferta hostil feita pela CSN pela fabricante portuguesa gerou apreensão no mercado por sinalizar a forte disposição da brasileira em investir fora do setor de siderurgia e mineração, até agora seus principais negócios. Estes setores são preferidos pelos analistas de mercado devido à sua alta rentabilidade, especialmente no caso da CSN, que tem sua produção própria de minério, o que garante altas margens na produção do aço.
A siderúrgica estreou no setor de cimento no Brasil no ano passado. Em 2010 pretende produzir 1 milhão de toneladas e, em 2011, cerca de 2,5 milhões de toneladas. A Cimpor, uma das dez maiores empresas mundiais de cimento em valor de mercado, tem capacidade de produção de 36 milhões de toneladas anuais de cimento, com cerca de 70% das vendas em mercados emergentes. No Brasil, ela ocupa a quarta posição em capacidade de produção. Procurada pela reportagem, a CSN não comentou a rejeição da Cimpor à sua oferta.
Desde a oferta da CSN, o valor de mercado da Cimpor cresceu 699 milhões de euros, passando de 3,669 bilhões de euros no dia anterior à oferta para 4,368 bilhões de euros no fechamento de quinta-feira. Neste pregão, as ações da empresa portuguesa fecharam em alta, sinal de que o mercado acredita que a CSN poderá fazer uma nova oferta pela companhia ou que outras empresas poderão entrar na disputa. A ação da Cimpor fechou cotada a 6,50 de euros, alta de 1,06%.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/Natalia Gómez/DA AGÊNCIA ESTADO)