De São Paulo - Mesmo com seus acionistas mergulhados em brigas judiciais, e até policiais, a Mhag tentou tirar proveito da bonança vivida pela indústria mundial de mineração de ferro entre 2003 e boa parte de 2008, com demanda aquecida e preços a cada ano em alta, puxados principalmente pela siderurgia chinesa. Edson Duda traçou planos ambiciosos para a empresa, dona de reservas ferríferas numa região não tradicional desse setor no país, com minério de baixo teor e logística complicada (caminhões e trem) para embarcar o produto. No futuro, prevê um mineroduto de 120 km.
Após adquirir o controle da Mhag em três movimentos - 15% em meados de 2004, mais 36% em dezembro do mesmo ano e os 49% em julho de 2005, transferindo às ações para sua holding Campinas Participações -, Duda saiu em busca de sócios para o projeto e começou a preparar um plano de lançamento das suas ações na Bovespa. Chegou a vislumbrar uma companhia com valor de mercado de US$ 5 bilhões, tal era a euforia existente no mercado de minério de ferro, e de investidores em busca de novos papéis, nos três anos anteriores à crise de setembro de 2008.
Como parte dessa estratégia, dois anos e meio atrás ele vendeu 30% do capital da companhia ao Noble Group, conglomerado do mercado de commodities agrícolas e metálicas sediado em Hong Kong e com ações listadas na Bolsa de Cingapura, com faturamento de US$ 36 bilhões em 2008. O valor do negócio anunciado na época foi de US$ 60 milhões. A Noble, desde setembro, tem como um de seus sócios, com 15%, o grupo chinês de recursos naturais CIC, forte investidor em produção de matérias-primas fora de seu país, que aportou quase US$ 1 bilhão.
Os planos da Mhag com o sócio eram de montar uma operação para produzir até 35 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, apoiada em grande parte na captação que seria obtida na oferta pública de ações. Mas a crise mundial jogou esses planos para a geladeira. Com retração da demanda e sem recursos para um projeto ousado, a Mhag e a Noble redimensionaram o projeto para 12 milhões de toneladas, a ser concretizado em três etapas.
A primeira, em andamento, é atingir 2 milhões de toneladas até o fim deste ano. Para ser concluída, estão sendo investidos mais US$ 60 milhões e prevê financiamento do BNDES. Na segunda fase, planeja adicionar 4 milhões em uma operação de "project finance", avaliada em US$ 555 milhões, com um grupo chinês fabricante de aço. Seria definida até outubro de 2009 e o parceiro garantiria a aquisição de toda produção a partir de 2012. Isso ainda não ocorreu. A última etapa, a partir de 2013, está estimada em US$ 600 milhões e conta com a retomada do plano de abertura de capital. Os recursos seriam destinados a uma instalação de 6 milhões de toneladas. (Fonte: Valor Econômico/
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