Com R$ 47 bilhões em caixa, o que a coloca como a sexta empresa mais  endinheirada das Américas, rivalizando com o Google em termos de  disponibilidades, a Petrobras promete usar de maneira eficiente o  dinheiro recebido na forma de aumento de capital. Isso terá que ocorrer  mesmo com uma enorme lista de investimentos pela frente, já que a  companhia planeja construir quatro grandes refinarias de grande porte  simultaneamente e contratar dezenas de plataformas de perfuração e de  produção para dobrar de tamanho até 2020.
 
 Para vencer esse desafio, a Petrobras planeja agir em três frentes. Em  primeiro lugar, quer cortar os custos tanto dos projetos de exploração e  produção como das obras, como as refinarias que pretende construir.  Fora isso, vai lançar mão de estratégias financeiras que reduzam a  alocação de capital próprio em alguns investimentos e que, ao mesmo  tempo, reduzam a necessidade de novas dívidas dentro do balanço da  companhia.
 
 Por fim, mas não menos relevante, deve dar prioridade a projetos de  exploração que gerem mais caixa para a empresa, como a retirada dos 5  bilhões de barris da cessão onerosa, em que não há incidência de  Participação Especial (PE). "Onde for possível nós vamos procurar  substituir o nosso capital pelo de terceiros", disse o diretor  financeiro da estatal, Almir Barbassa, ao Valor, ao comentar o uso de  estruturas financeiras alternativas para alguns projetos.
 
 O comando da empresa sabe perfeitamente que será um desafio atravessar  uma fase de pesados investimentos nos próximos anos - até agora são US$  224 bilhões de 2010 a 2014 -, enquanto a maior parte do retorno surgirá  como geração de caixa operacional a partir de 2015.
 
 Somente a exploração das áreas que a empresa obteve na cessão onerosa  vão exigir entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões nos próximos quatro a  cinco anos, o que inclui perfuração de poços para produção e novas  plataformas que serão afretadas. Apesar de reconhecer a existência desse  intervalo temporal entre o investimento e a entrada do dinheiro, Almir  Barbassa descarta a necessidade de a companhia voltar a realizar um  aumento de capital nos próximos anos, como tem sido projetado por  analistas recentemente. "Isso está fora do radar", garante.
 
 A empresa já anunciou que fechará 2010 com captações de US$ 16 bilhões,  dos quais US$ 3 bilhões ainda serão obtidos até dezembro por meio de  operações com agências de crédito à exportação ou bancos. Do total  captado no ano, entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões foram usados em  amortizações de dívidas, que somam US$ 38 bilhões no período de cinco  anos previsto no plano estratégico 2010-2014.
 
 Uma das estratégias financeiras para poupar caixa será usada com as 28  sondas que a Petrobras quer contratar no Brasil. A dona dos equipamentos  será uma holding, em fase de constituição, em que estatal terá apenas  de 5% a 10% do capital - o que não exige consolidação no balanço. O  restante das ações será de investidores financeiros estrangeiros e  locais. O acordo de acionistas dessa empresa está sendo costurado, diz  Barbassa.
 
 Para financiar a compra das sondas, o diretor da Petrobras estima que  sejam necessários "20 e tantos bilhões de dólares". Os sócios da holding  deverão aportar entre 20% e 30% desse montante na forma de capital e o  restante deve ser captado via dívida, que não entrará no balanço da  petroleira.
 
 Segundo Barbassa, o capital dessa holding inicialmente será fechado, mas  nada impede que seja aberto no futuro. A receita da empresa virá do  aluguel dos equipamentos para a própria estatal. "É uma quantia  significativa que incidiria em um momento em que temos que produzir mais  poços e mais plataformas. Essa estrutura já está madura", afirma. O  benefício é que esse custo não está incluído nos US$ 224 bilhões de  investimento do plano estratégico. "Então, de repente, pode haver outras  situações semelhantes a essa."
 
 Estruturas parecidas já foram usadas pela companhia com os certificados  de recebíveis imobiliários (CRIs) ligados ao Estaleiro de Rio Grande e  também com dois prédios em Macaé (RJ) e com um em Vitória (ES).
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner e Fernando Torres | do Rio
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