O presidente da Engie no Brasil, Maurício Bähr, afirmou nesta manhã que 80% do valor de aquisição da Transportadora Associada de Gás (TAG), de US$ 8,6 bilhões, são baseados nos contratos existentes da empresa.
De acordo com apresentação feita em teleconferência com analistas sobre a operação, Bähr, a TAG possui cinco contratos de transporte de gás, sendo um deles com vencimento em 2025 e os demais após 2030.
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“O valor [da operação] está muito baseado nos contratos existentes. Oitenta por cento do valor da transação estão baseados nos contratos já existentes”, disse Bähr, na teleconferência.
Com o negócio, a Engie terá 29,25% da TAG. A Engie Brasil Energia (EBE) terá outros 29,25%. O fundo canadense Caisse Dépôt et Placement du Québec (CDPQ) ficará com 31,5% e a Petrobras, com 10%.
A Petrobras terá que se desfazer dessa participação após a aprovação do novo marco regulatório para o mercado de gás natural, afirmou o diretor de desenvolvimento de negócios da Engie, Gustavo Labanca. Isso porque, explicou, pela nova lei, provavelmente a petroleira terá que desverticalizar sua atuação.
“O que sabemos é que, pela nova Lei do Gás, que está para ser aprovada, a Petrobras vai ter o ‘unbundling’ [desverticalização] de atividades. Ela vai ter que se desfazer desses 10% em um futuro próximo”, disse Labanca.
Segundo o executivo, com a provável saída da Petrobras, os acionistas da TAG deverão ter algum direito de preferência.
O presidente da Engie Brasil, Maurício Bähr, afirmou que acredita que haverá uma abertura do mercado de gás no país, assim como ocorreu no setor elétrico há cerca de 20 anos. “Acredito que vamos experimentar uma abertura do mercado de gás”, disse.
Labanca disse ainda que a Engie pretende participar do próximo leilão de linhas de transmissão, no fim do ano. A estratégia é ampliar o portfólio da companhia no setor de transmissão, atualmente de 1 mil km de extensão de linhas a serem construídos.
Financiamento da operação
O financiamento para a compra da TAG será de R$ 22 bilhões, sendo parte em dólar e parte em reais, afirmou Labanca. O financiamento será feito pela Aliança Transportadora de Gás, veículo criado pela Engie, a EBE e a CDPQ para aquisição e operação da TAG.
“Já está tudo negociado e todos os financiamentos, garantidos. Mais do que garantidos. [Os financiamentos] são 100% baseados nas receitas dos contratos com a Petrobras. Isso já está garantido com os bancos. Agora é só questão de execução”, disse Bähr.
Questionado sobre possibilidade de mudança na política de distribuição de dividendos da EBE, após o negócio, Labanca afirmou que “não pretendemos fazer qualquer tipo de alteração na política de dividendos”.
Fonte: Valor