Traders de energia e concessionárias de eletricidade têm estocado mais gás natural liquefeito no mar, uma estratégia atípica para acumular suprimentos para o inverno no hemisfério norte diante da séria escassez no mercado.
Concessionárias com alta demanda por energia na Europa começaram a acumular carregamentos de GNL na costa em uma corrida para substituir o gás da Rússia no inverno. Não é possível simplesmente importar o combustível para estocá-lo em terra porque os terminais estão no limite e, portanto, optam por pagar para manter os navios nas proximidades.
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Importadores da Ásia e da América do Sul também aderiram à estratégia de estocagem flutuante para garantir suprimentos extras. Ao mesmo tempo, traders buscam lucrar com o armazenamento de GNL para embolsar os ganhos quando os preços aumentarem durante os meses de inverno.
Os volumes de GNL no chamado armazenamento flutuante global atingiram 1,4 milhão de toneladas em 2 de setembro, o maior nível em dois anos, segundo a empresa de inteligência energética Kpler. O volume é quase igual ao total de importações da Espanha em agosto.
A estratégia, utilizada com frequência no mercado de petróleo, é rara no caso do GNL, porque o combustível líquido evapora lentamente nos navios, o que dificulta longos períodos de armazenamento. Isso ilustra até que ponto importadores de gás estão dispostos a garantir combustível suficiente para o inverno.
Há pelo menos nove embarcações com GNL estocado no oceano, de acordo com dados de transporte da Bloomberg e Kpler. O navio-tanque British Partner estava ancorado no Mar da China Meridional este mês, depois de receber uma carga de gás de Omã e do Catar por meio de uma transferência de navio para navio perto da Malásia, mostram dados da Bloomberg. Enquanto isso, o Aristidis I está ancorado no Caribe com gás originário da República Dominicana e dos EUA, disse Mathew Ang, analista da Kpler.
Os preços do gás natural na Europa e na Ásia são negociados em máximas para esta época do ano diante do corte da oferta da Rússia para clientes importantes, o que aumenta a concorrência por remessas de GNL de fornecedores como EUA, Nigéria e Catar.
A demanda global por navios também impulsiona as taxas de frete, e traders dizem que ainda há espaço para mais altas. Em um sinal do nível de aperto do mercado, as maiores empresas de energia têm se recusado a liberar suas embarcações, como normalmente fazem no fim do verão no hemisfério norte.
“Esperamos mais armazenamento flutuante”, disse Oystein Kalleklev, CEO do armador Flex LNG Management. “No entanto, o mercado de transporte de gás GNL está em sua maior parte completo para o inverno, então esperamos que traders utilizem os navios em seu portfólio existente”.
Fonte: Valor