De São Paulo - Após divergirem consideravelmente sobre a produção de grãos do país nesta safra 2010/11 nos levamentos que divulgaram em fevereiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligado ao Ministério da Agricultura, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vinculado ao Ministério do Planejamento, voltaram a apontar a mesma tendência - no caso, de mais um recorde histórico, como já estimava a Conab.
Segundo os novos números da companhia, a colheita alcançará 154,2 milhões de toneladas, 0,7% mais que o volume projetado em fevereiro e 3,4% acima do total de 2009/10. Segundo o instituto, serão 151,2 milhões de toneladas, com crescimentos de 3% em relação à estimativa do mês passado e de 1,2% sobre a colheita de 2010.
Parte da grande diferença apontada pelas pesquisas anteriores de ambos os órgãos foi "corrigida" com as primeiras estimativas do IBGE, divulgadas agora, para as safrinhas complementares e produções de inverno de culturas como o milho, por exemplo. Outra parte veio do forte ajuste para cima (2%) na projeção do IBGE para a produção de soja, o carro-chefe do campo nacional que pouco sofreu com os efeitos do fenômeno La Niña.
Conforme a Conab, o Brasil colherá 70,3 milhões de toneladas de soja na safra atual, 2,3% mais que na anterior, enquanto o IBGE projetou a produção em 69 milhões de toneladas, aumento de 0,7% na mesma comparação. Referência importante para o mercado global, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê, em relatório divulgado também na quinta-feira (ver acima) a safra brasileira de soja em 70 milhões de toneladas.
Mas poderá haver ajustes nesses números nos próximos meses, porque nenhum dos três levantamentos mais recentes de Conab, IBGE e USDA teve tempo hábil para medir os impactos das chuvas que afetam Mato Grosso do Sul, quinto maior produtor da oleaginosa do país, desde o fim de fevereiro. E, segundo produtores, dificilmente as 5,4 milhões de toneladas previstas pela Conab serão alcançadas.
"A safra que poderia ser uma das melhores do Estado agora vai ter perda de produtividade e qualidade [dos grãos]", afirmou Lucas Galvan, assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famasul), à agência Reuters.
Fonte: Valor Econômico
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