A OEC, braço de engenharia e construção do grupo Odebrecht, foi escolhida para erguer uma refinaria de petróleo em Angola, situada na província de Cabinda, cerca de 30 km ao norte de Luanda, capital do país. O valor total do contrato é de US$ 920 milhões e as obras de instalação deverão ser iniciadas entre abril e maio.
A Cabinda Oil Refinery é uma joint venture controlada pela Gemcorp Capital (90%) — uma companhia de gestão de investimentos britânica — com a Sonaref, que ficou com 10%. A Sonaref é uma subsidiária da estatal petrolífera Sonangol que administra a exploração, produção, transporte e comercialização de petróleo em Angola.
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A refinaria terá capacidade para processar 60 mil barris ao dia de óleo cru, gerando gasolina, diesel, combustível de aviação, querosene e óleo combustível. O objetivo do investimento é reduzir a dependência do país na importação de produtos refinados e elevar as exportações de Angola no setor petrolífero.
O projeto, um “greenfield”, será desenvolvido em três fases. A primeira é avaliada em US$ 220 milhões e prevê uma capacidade de refino de aproximadamente 30 mil barris por dia. A previsão é que o comissionamento (testes iniciais de operação) comece no primeiro trimestre de 2022. Na etapa seguinte está prevista nova capacidade 30 mil barris à refinaria, a partir de 2023.
O contrato para início das obras preliminares foi assinado na sexta-feira (12) entre a Cabinda Oil e a OEC, apurou o Valor com uma fonte. Procurada, a construtora informou, por meio da assessoria de comunicação, que não se pronunciaria, uma vez que o contrato completo está na fase de detalhes, para ser assinado em até 30 dias.
Segundo informações, essa será a primeira refinaria de Cabinda, província que fica no litoral, ao norte de Luanda, e que é uma das 18 regiões de Angola, cuja capital leva o nome da província.
O empreendimento será instalado numa área de 313 hectares, na planície de Malembo, um vilarejo que é distante 3,8 km do local da refinaria. A previsão é que a Cabinda Oil gere 2 mil empregos.
Atualmente, o único polo de refino do país situa-se em Luanda. Segundo uma fonte, é antigo e encontra-se sucateado. A atividade iniciou-se em 1958 com essa refinaria, apta a processar 57 mil barris ao dia de óleo cru.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo bruto da África, após a Nigéria. Em termos de consumo de produtos refinados, em 2018 o volume foi de 3,5 milhões de toneladas. Cerca de 80% foi importado, principalmente da China (65% do total).
Para a OEC, o contrato conquistado com a Cabinda Oil é importante para reforçar sua carteira de projetos, que veio diminuindo desde que a empresa e o grupo controlador foram enquadrados na "Operação Lava-Jato" da Polícia Federal, em 2014/2015. Os processos afetaram as operações da OEC no Brasil, América Latina e África.
Conforme reportagem do Valor no início de fevereiro, a empresa tem como meta chegar a 2025 com uma carteira de US$ 4,25 bilhões em obras, valor 55% maior que os US$ 2,7 bilhões do fim de 2020. No entanto, é bem distante dos tempos áureos da construtora — US$ 34 bilhões — em 2014.
A receita bruta da OEC no ano passado caiu para US$ 564 milhões, ante US$ 1,3 bilhão em 2019. O resultado foi agravado pela desvalorização cambial.
Fonte: Estadão