O mercado brasileiro de aço cresceu em 2013, mas a expansão foi suprida por importações e uma combinação de sobra de capacidade global nas usinas siderúrgicas, PIB fraco no Brasil e um câmbio frustrante apontam para um cenário nada promissor em 2014.
Tais conclusões são do Instituto Aço Brasil, que prevê um crescimento do consumo de aço de 3,2%. Em 2013, houve um incremento maior: 5,7%.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, as vendas das usinas brasileiras aumentaram 6,1%. As exportações, por seu turno, caíram 14,8%, em volume. Já as importações recuaram 0,5%.
O setor, porém, esperava uma queda maior das exportações --de 14%-- diante das tarifas extras implementadas pelo governo (que deixaram já de vigorar) e do câmbio, que não se traduziu no efeito benéfico esperado.
Para Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Aço Brasil, houve um movimento global de ajuste das taxas de câmbio das principais moedas por conta da ação do Fed, o banco central dos EUA. Isso, diz, neutralizou a valorização do real e seu poder de ampliar exportações e reduzir a invasão do aço importado.
Lopes diz que a saída para o setor é um consumo maior de aço no mercado interno. "O mercado interno precisa crescer. Aço, desenvolvimento econômico e PIB estão ligados visceralmente", disse.
Se depender de uma economia mais aquecida, o setor seguirá na mesma. O Aço Brasil estima um crescimento de 2,1% do PIB em 2014, abaixo dos 2,5% previsto para este ano.
IMPORTAÇÕES
Mantido o ritmo atual de crescimento das importações diretas (aço bruto) e indiretas (bens de consumo e bens de capital, como veículos, eletrodomésticos e máquinas), 58% do consumo brasileiro será suprido por produtos importados --hoje, o percentual é de 31%. "Esse é um número muito ruim. O governo precisa agir."
Um dos motivos do aumento das importações e da queda das exportações do país é a sobreoferta de aço no mercado internacional, estimada em 550 milhões de toneladas.
Segundo Albano Chagas Viana, presidente do Conselho do Aço Brasil e diretor-superintendente da Votorantim Siderurgia, esse excesso de capacidade se deve a uma expansão principalmente da produção de usinas estatais localizadas no Oriente Médio, Norte de África, Índia e China, países que vão ampliar ainda mais a oferta de aço nos próximos anos.
"Elas têm uma lógica diferente das usinas privadas. Elas pensam em infraestrutura e não em competitividade."
Fonte: Folha de São Paulo/PEDRO SOARES DO RIO
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