SÃO PAULO - Com data definida para escolha do novo presidente do conselho de administração da Usiminas, em assembleia geral extraordinária, em 6 de abril, os acionistas controladores da siderúrgica mineira têm na mira duas decisões importantes. A definição da Justiça sobre a recondução de executivos destituídos em setembro e a posição do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o pedido da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de poder participar com os minoritários na escolha de mais um conselheiro para o colegiado.
Para a Ternium-Techint, segundo apurou o Valor com uma fonte próximas dos acontecimentos, o voto favorável de um ou dos dois desembargadores que julgam o caso na segunda instância do Tribunal de Justiça de Minas Gerais significará uma grande vitória. Em 24 de fevereiro, o relator do agravo de instrumento já deu seu parecer favorável ao grupo italiano. Será o reconhecimento de que não houve ilegalidade na gestão dos três executivos — o presidente Julián Eguren e dois vice-presidentes executivos, Paolo Bassetti e Marcelo Chara.
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A dúvida é se vão reassumir os cargos, mais de seis meses depois, e permanecer neles. A sócia Nippon Steel & Sumitomo, que não considera tê-los como gestores da Usiminas novamente, poderá recorrer a instâncias superiores da Justiça, chegando a Brasília. A própria Ternium deverá considerar se vale impôr seus executivos, buscando um outro caminho.
Uma outra fonte avalia que o resultado favorável à Ternium poderia forçar um entendimento entre os dois grupos, que brigam há mais de um ano, buscando “o bem da companhia”. Veem que um consequência do conflito é a quase certa eleição de novo presidente do conselho pelos acionistas minoritários da companhia.
Lirio Parisotto, do fundo L. Par, é o candidato que desponta ao cargo, no lugar de Paulo Penido Marques, eleito por consenso entre Nippon e Ternium há três anos. Parisotto conta com apoio de outros minoritários e busca a adesão das ações da CSN — quase 12% de papéis ON — para eleger um terceiro conselheiro fora do bloco controlador, conta com oito integrantes (três da Nippon, três da Ternium e dois da Previdência Usiminas).
O Cade deverá avaliar o pedido da CSN, que está bloqueada pelo órgão antitruste desde 2012 de usar seus direitos políticos na Usiminas, no próximo dia 25. As chances de acatar a tese são cerca de 70% negativas, segundo especialistas que conhecem o Cade.
A Ternium, que tentou impedir a realização da AGE tão próxima da AGO de 28 de abril, segundo fontes, alega que Nippon trabalhou em parceria com Parisotto, ajudando a elegê-lo como novo presidente, no lugar de Penido. O grupo italiano considera insustentável a continuação de Penido, pois o acusa de ser o responsável pela demissão de seus executivos com voto de minerva na reunião do conselho que julgou o caso.
O grupo italiano aponta, por exemplo, que a empresa japonesa Sankiu, que tem subsidiária no Brasil e é prestadora de serviços para a Usiminas e outras siderúrgicas locais , é “um instrumento” da Nippon para ajudar Parisotto.
Segundo informações, a Sankiu, com sede em Tóquio, tem a Nippon Steel como uma de suas dez maiores acionistas, com 3% do capital da empresa. E que a subsidiária brasileira, dona de 9 milhões de ações de Usiminas, quase 100% ONs, teria dado procuração a Parisotto para garatir sua eleição na AGE de abril.
A Nippon Steel, procurada pelo Valor, disse que só tomou conhecimento de que a Sankiu Brasil detinha ações da Usiminas quando o L. Par informou sua lista de apoiadores para requerer a realização da AGE. E informou que a Nippon não faz parte do seu bloco de controle, bem como de que participa das decisões estratégicas da Sankiu e de suas empresas controladas.
Para outra fonte, a provável eleição de Parisotto poderá ser bom para a Usiminas nesse cenário de conflito. “Ele vai atuar pelo bem da companhia e, certamente, dará muito trabalho aos dois acionistas controladores”, disse.
(Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro)